Final dos anos 1970. Na véspera de uma viagem de férias, levei o carro à Pneumar para fazer o alinhamento das rodas. Lá estava, como de costume, cumprindo expediente integral, o dono da empresa, Francisco Feio Ribeiro. Ao me ver, convidou para tomar um café. Éramos amigos fazia bastante tempo, e companheiros de Rotary.
“Vou passar uns dias em Balneário Camboriú”, eu disse. Ribeiro riu: “Sorte sua. Para mim é sempre difícil tirar férias, devido aos compromissos de trabalho”. Respondi brincando: “Entendo, mas se eu fosse você, deixava todos os negócios por conta dos filhos, embarcava num navio e me mandava mundo afora curtindo as belezas da vida”.
Ele riu de novo, e contou: “Pois é, a grande viagem de minha vida foi justamente num navio – o paquete inglês “Deseado”. Quase um mês cruzando o oceano, do porto de Lisboa ao porto de Santos. Eu com apenas 13 anos, acompanhando meus pais e os irmãos”.
Francisco Feio Ribeiro nasceu num domingo, 21 de maio de 1916, num lugarinho chamado Sarzedo, na célebre Covilhã das casimiras, ao pé da serra da Estrela, a mais alta de Portugal. Chegou ao Brasil num sábado, 26 de janeiro de 1929. Primeiro a família foi trabalhar numa fazenda de café em Pirajuí-SP. Depois Francisco e seu irmão Manoel se estabeleceram com uma casa de comércio numa cidade vizinha, Cicinato Braga. Alguns anos após, já com um capital substantivo, começaram a sonhar mais alto. No dia 21 de fevereiro de 1946 Francisco se casou com Dolores. Ouviram maravilhas sobre os lugares que estavam nascendo no norte-noroeste do Paraná. Vieram ver de perto. Compraram, entre outros lotes, um bem no centrinho da área onde estava em trabalho de parto a futura cidade de Maringá.
Para cá vieram Francisco e Dolores, trazendo no colo o primogênito Chiquinho. Construíram uma loja enorme na esquina da Avenida Brasil com Herval e montaram estoque para vender de tudo: “de gasolina a freio pra gato”, como diziam seus balconistas. Era a famosa Casa Ribeiro, que nos anos 1960 virou Pneumar e mais tarde se multiplicou, formando o Grupo Rivesa,
Esse foi o megapioneiro e megaempresário Francisco Feio Ribeiro, que ficou imortalizado como nome do Parque de Exposições de Maringá, um dos mais importantes do país. Porém houve também outro Ribeiro, que ficará na história pela sua notável sensibilidade comunitária. O Ribeiro rotariano exemplar, sempre empenhado em colaborar com as boas obras sociais e culturais, cofundador do Lar dos Velhinhos e do Centro Português, por muitos anos comantenedor do Mobral e patrocinador de um disputadíssimo concurso municipal de oratória; o Ribeiro benfeitor de todas as entidades assistenciais da cidade. Enfim um grande homem, morador perene no baú de saudades de quantos o conheceram.
Faleceu no dia 26 de agosto de 1995. Deixou no seu lugar uma queridíssima família.
A.A. de Assis
Foto – Reprodução