Entre os alvos da operação deflagrada ontem em Maringá estão despachantes , consultorias de trânsito e autoescolas.
Cerca de 250 policiais foram às ruas de várias cidades paranaenses ontem para cumprir 119 mandados de busca e apreensão e 9 mandados de prisão temporária. Entre as pessoas detidas estava a proprietária de um centro de formação de condutores de Maringá , presa logo cedinho em sua residência, onde os policiais encontraram 50 quilos de pedras preciosas em estado bruto.
Além de Maringá, a ação policial ocorreu simultaneamente em Cambé, Campo Mourão, Cianorte, Curitiba, Foz do Iguaçu, Janiópolis, Londrina, Marialva, Paiçandu, Porto Rico, São Jorge do Ivaí, Sarandi e São José dos Pinhais. Segundo o delegado Edgar Dias Santana as investigações começaram há nove meses e nesse período identificou 3.500 pontos fraudados, desde 2018. Foram investigadas empresas responsáveis pelo esquema criminoso e pessoas suspeitas de oferecer as próprias CNHs para receber os pontos fraudados. Mas os pontos eram transferido também para carteiras de habilitação de pessoas já falecidas. Com isso, condutores que estavam ameaçados ou já impedidos de dirigir por terem cometido muitas infrações de trânsito, pagavam caro para se livrar de possíveis cassações de seus direitos de dirigir.
A suspeita, segundo o delegado Edgar Dias Santana, é de que a organização criminosa seja comandada por empresas de Maringá e Campo Mourão. Ele lembra que o próprio Departamento Estadual de Trânsito foi que fez a denúncia. Cruzando dados dos condutores com as multas, o Detran descobriu casos de motorista que tinha cometido uma infração em Maringá, por exemplo, e meia hora depois outra em Curitiba, com veículo diferente. A análise de mais de 100 mil documentos possibilitou a constatação das irregularidades.
Segundo o diretor de operações do Detran-PR, Adriano Furtado, “ a identificação da fraude foi possível graças à rotina de avaliação do órgão, para verificar a normalidade. Agentes visualizaram nos sistemas um grupo de indicações fora do que é considerado comum. Conforme o delegado, a operação fez avaliações internas e os agentes entenderam que poderia existir uma conduta criminosa em curso. “Encaminhamos à delegacia de delitos de trânsito, eles fizeram uma investigação e acabaram chegando na operação de hoje, que confirmou nossas suspeitas: existe uma organização criminosa operando a compra e venda de pontos na indicação de condutores”, acrescentou o diretor do Detran, acrescentando que a polícia conseguiu identificar proprietários de veículos, falsos condutores indicados para receber os pontos na CNH e também as empresas que faziam o elo entre proprietário e condutor. Segundo depoimento de alguns dos investigados, o preço para transferir 19 pontos de uma CNH poderia chegar a R$ 1 mil.
Redação JP
Foto – Polícia Civil