
O avanço da dengue em Maringá acende um sinal de alerta, uma vez que a Cidade já contabiliza 1.218 casos confirmados da doença e três óbitos neste ano, segundo boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira pela Secretaria de Saúde. As mortes, duas de homens e uma de mulher, foram confirmadas laboratorialmente, com a dengue como causa principal.
A situação foi classificada como preocupante pelo secretário de Saúde, Antônio Carlos Nardi, que reforçou o apelo à população. Segundo ele, a dengue mata, e é dever de todos eliminar criadouros para evitar novas infecções e salvar vidas.
ESTRATÉGIA
Como parte da estratégia de enfrentamento da doença, a Prefeitura iniciou nesta semana a digitalização das notificações e investigações de casos suspeitos. A mudança começou pela UPA Zona Sul, que passou a utilizar o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), plataforma do Ministério da Saúde.
Com a novidade, o tempo de resposta da Vigilância Epidemiológica deve cair de até quatro dias para, no máximo, 48 horas, otimizando a confirmação dos casos e o direcionamento das equipes de campo. Na próxima semana, a digitalização será ampliada para a UPA Zona Norte e o Pronto Atendimento à Criança (PAC). As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e o Hospital Municipal já operam com o sistema.
De acordo com Fabíola Arpini Miguel Picioli, gerente da Vigilância Epidemiológica, antes os dados eram preenchidos manualmente e encaminhados ao setor.
Agora, com o sistema digital, a notificação é feita diretamente pela unidade de saúde, com mais agilidade e precisão na classificação dos casos. Além disso, profissionais foram destacados para cada unidade de saúde a fim de auxiliar no processo de digitalização e capacitar os servidores.
Além do crescimento no número de casos, outro fator preocupa as autoridades: a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 da dengue no estado do Paraná. A presença de múltiplos sorotipos amplia o risco de formas graves da doença, especialmente em pessoas que já tiveram infecção anterior.
Segundo Nardi, não se trata mais de casos leves, e os três óbitos confirmados, especialmente os de pacientes idosos com comorbidades, mostram o potencial de agravamento da dengue com esses sorotipos em circulação.
Atualmente, 185 agentes de endemias atuam diariamente em Maringá em ações de combate ao Aedes aegypti. As estratégias incluem o uso de ovitrampas impregnadas, aplicação da técnica BRI, inspeções em quintais e terrenos e a recuperação de imóveis fechados nos finais de semana.
Apesar do trabalho intensivo, a Secretaria de Saúde reforça que o envolvimento da população é fundamental para interromper a cadeia de transmissão. Nardi destaca que o combate começa dentro de casa: eliminar pratinhos de plantas, lavar bebedouros de animais com bucha, manter ralos e calhas limpos, remover entulhos. Segundo ele, são ações simples que salvam vidas.
BRASIL
O cenário em Maringá acompanha a tendência nacional de alta nos casos de dengue. Desde 1º de janeiro de 2025, o Brasil já registrou mais de 1 milhão de casos prováveis da doença e 668 mortes confirmadas, além de outras 724 em investigação. O coeficiente de incidência é de 475,5 casos a cada 100 mil habitantes.
Embora os números sejam menores que os do mesmo período de 2024, quando o País enfrentou a pior epidemia da história, a situação ainda é preocupante. Naquele ano, foram mais de 4 milhões de casos e 3.800 mortes.
A maioria das infecções em 2025 ocorre em pessoas entre 20 e 59 anos, com maior incidência entre mulheres. O Paraná ocupa o terceiro lugar em número de casos (80.285), atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, e registra uma incidência de 679 casos por 100 mil habitantes.
Da Redação
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