“Se o coração não for bom, nada será bom”. Essa é uma das frases mais instigantes que o saudoso papa Bento 16 deixou de herança para a humanidade. Repito: “Se o coração não for bom, nada será bom”.
O coração é um órgão singularmente importante, ao mesmo tempo “maestro” do corpo e “termômetro” dos sentimentos. A ciência lhe dá um apelido grego: “cárdio” (cardíaco, cardiograma, cardioclínica, cardiologia, cardiopatia, taquicardia). A poesia prefere referir-se a ele em latim: “cordis” (acordo, concórdia, cordial, cordialidade).
Em sua função-cárdio, cabe ao coração o bombeamento do sangue por todas as partes do corpo. Ele é o principal garantidor da boa saúde. Se parar, ponto final na biografa do vivente.
Em sua função-cordis, o coração atua como uma espécie de medidor dos impulsos emocionais. Por algum motivo que não sei explicar, ele bate mais sereno ou mais nervoso conforme o estado de espírito da pessoa. Isso o associa simbolicamente às nossas manifestações boas ou más – afeto/aversão, simpatia/antipatia, alegria/amargura etc.
Se é um “coração bom”, ajuda o restante do organismo a se manter sadio. Se é um “bom coração”, significa que seu portador é uma pessoa bondosa, honesta, gentil. Daí a lição do papa Bento 16: “Se o coração não for bom, nada será bom”.
Todas as culturas entendem “bom coração” como metáfora do Amor, e Amor como virtude-máter, da qual derivam todas as demais, que por sua vez se concentram em duas virtudes fundamentais: honestidade e bondade. A honestidade abrange, entre outros valores, a justiça, a equidade, o mútuo respeito. A bondade inclui o altruísmo, a generosidade, a compaixão, a beneficência, a benevolência, a partilha.
Um povo honesto e bom cultiva a fraternidade; valoriza a ética em todos os campos de atividade; educa da melhor maneira possível suas crianças e jovens; zela pela higiene particular e pública; respeita e protege os idosos, os enfermos, os carentes de modo geral; ajuda a livrar a sociedade de toda espécie de preconceito e discriminação; enfim, é um povo que se caracteriza pela magnanimidade, pela justiça, pelos bons modos, pelo relacionamento sereno e alegre.
Se uma pessoa tem bom coração, tudo o que essa pessoa faz é bom. Se um povo é formado majoritariamente por pessoas de bom coração, tudo o que esse povo projeta e realiza dá certo.
Razão há, portanto, de sobra, para que as famílias, os dirigentes religiosos, os educadores de modo geral e todos os demais líderes da sociedade se unam num empenho maior visando a convencer as crianças e os jovens de que ser bom e honesto é sempre bom, porque só a bondade e a honestidade podem garantir à humanidade um futuro sereno e alegre.
A. A. de Assis
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