O governador Carlos Massa Ratinho Junior recepcionou nesta segunda-feira (19), no Palácio Iguaçu, uma comitiva do Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada (C-DAC), instituição indiana que é referência em pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia. Eles estão no Paraná para conhecer as estruturas para implantação de uma rede de supercomputadores nas universidades estaduais, fruto da parceria entre o Governo do Estado e o C-DAC firmada em abril deste ano, quando o governador esteve em missão na Índia.
O memorando de entendimento assinado na ocasião prevê a transferência de tecnologia indiana para que a montagem dos computadores de alto desempenho (HPC) seja feita no próprio Estado. Com alta capacidade de processamento de dados, essas máquinas permitem avançar nas pesquisas em áreas como bioinformática, agricultura de precisão, genômica e inteligência artificial.
Com isso, o Paraná será pioneiro no Brasil na concepção de uma rede de HPC distribuída e também na produção própria dos supercomputadores, reduzindo a dependência estrangeira nessa área. “Tecnologias como esta ajudam a consolidar o Paraná como um Estado inovador e com vocação para a área de tecnologia. A construção dos supercomputadores vai agregar muito na pesquisa das nossas universidades”, disse Ratinho Junior. “A Índia é uma potência em ciência e pesquisa, e para nós é motivo de orgulho construir essa parceria”.
A previsão é de implantar, em um primeiro momento, dois supercomputadores no Paraná, um na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nos Campos Gerais, e outro na sede do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) em Londrina, no Norte do Estado, voltado principalmente nos processos de inteligência artificial.
Além disso, todas as sete universidades estaduais deverão ser dotadas com redes de alta conectividade para também terem capacidade de receber a tecnologia. “O Paraná tem um sistema robusto de ciência e tecnologia, que será plenamente atendida por essa estratégia de criarmos uma rede de conectividade de alta velocidade, com computadores de alta performance que permitem um trabalho de pesquisa, de prestação de serviços ao setor produtivo e empresarial e o treinamento de profissionais”, explicou o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona.
“Estamos falando da transferência de tecnologia, aproveitando a expertise da Índia nessa área, para que possamos fabricar e montar os supercomputadores no Paraná e colocá-los em rede para poder atender os ativos tecnológicos no Estado”, ressaltou Bona. “Trabalhamos com a perspectiva de ter duas máquinas de maior capacidade e outros supercomputadores em cada uma de nossas universidades, de modo que essa conectividade fique à disposição a todo esse sistema”.
AGENDA – Para conhecer melhor a infraestrutura tecnológica do Estado, a agenda dos diretores do C-DAC no Brasil inclui visitas a Ponta Grossa, Londrina, cidade que além de receber a tecnologia, também conta com uma filial da empresa indiana TCS, líder global em serviços de tecnologia que anunciou expansão dos negócios na cidade; Pato Branco, sede da empresa Hi-Mix, que será responsável pela montagem dos supercomputadores no Estado; além de um encontro com embaixador da Índia em Brasília.
Ligado ao Ministério da Eletrônica e Tecnologia da Informação da Índia, o C-DAC conta com mais de 4 mil profissionais envolvidos e uma estrutura de governança financeira sólida e já treinou mais de 20 mil pessoas ao redor do mundo no uso da tecnologia dos supercomputadores. A visita ao Estado vai ajudar na organização e dimensionamento das máquinas e data centers que devem ser implantados no Paraná.
Pesquisador sênior da Fundação Araucária, Jorge Edson Ribeiro foi um dos responsáveis por iniciar a conversa com o centro indiano, que já rendeu a aquisição de um primeiro supercomputador que foi instalado em 2021 na UEPG, para servir como uma prova de conceito do projeto. “Agora, teremos mais duas máquinas principais no Estado, uma delas direcionada mais ao setor acadêmico e outra que servirá também ao setor privado, com arquitetura própria para inteligência artificial”, disse.
“Estamos no processo de dimensionamento desses supercomputadores. Ainda vamos precificar, dimensionar os custos de manutenção para vermos com qual máquina vamos iniciar o projeto, para daí apresentar o anteprojeto e partir para os mecanismos de financiamento”, ressaltou Ribeiro. “Em seguida, iniciaremos o plano de construção das máquinas e a próximo fase seria a montagem para colocá-las em operação”.
Os supercomputadores têm uma tecnologia de computação com alto poder de processamento de dados. “Ela serve, por exemplo, para áreas que são pobremente assistidas por computação, como genômica, biologia molecular, agricultura de precisão, inteligência artificial, todas as áreas que precisam de manipulação de um alto volume de dados”, disse o pesquisador. “São processamentos muito difíceis de serem feitos. Programas que demoram um ou dois anos para rodar, em uma máquina dessa passam para uma semana ou até um ou dois dias, conforme a capacidade da máquina e a natureza do projeto”.
PRESENÇAS – Acompanharam a agenda o o vice-governador Darci Piana; os secretários estaduais do Planejamento, Guto Silva; e da Inovação, Modernização e Transformação Digital, Alex Canziani; os diretores-presidentes da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig; do Tecpar, Celso Kloss; e da Invest Paraná, Eduardo Bekin; entre outras autoridades. Pelo C-DAC, estiveram na agenda o diretor-geral, Magesh Ethirajan; o diretor Executivo, Aditya Kumar Sinha; o diretor-sênior da Rede de Computação de Alto Desempenho (HPC), Sanjay Annasaheb Wandhekar; o diretor associado de Bioinfomática, Uddavesh Bashkar Sonavane; o diretor-associado de HPC, Prashant Prabhakar Dinde; e o cônsul-geral da Índia em São Paulo, Shivamurthy Preetham.
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