Nem sempre se enxerga, mas a realidade de muitos colaboradores em diferentes empresas brasileiras é permeada por promessas vazias e expectativas não cumpridas. Longe dos holofotes das redes sociais e das salas de reuniões repletas de discursos otimistas, há uma verdade inconveniente: o abismo entre as ilusões pintadas pela alta gestão e a realidade tangível do dia a dia dos profissionais.
O descompasso não só mina a confiança e o empenho dos trabalhadores, mas também revela um problema sistêmico no coração da cultura corporativa brasileira. Enquanto as empresas continuam a vender sonhos, os colaboradores, cada vez mais céticos e informados, questionam a autenticidade dessas promessas. O resultado? Uma crise de engajamento e comprometimento, pondo em xeque o sucesso e a sustentabilidade das organizações.
Tempos atrás, conheci um empresário que mantinha um discurso positivo, desfilava ideias nas reuniões e, por orgulho, nunca tratava dos problemas reais que afetavam os negócios. Contudo, bastava qualquer pessoa olhar para os lados para ver que os diretores viviam de fachada: a empresa estava afundando em dívidas, faltavam investimentos e falhavam até nas coisas mais óbvias – a limpeza do ambiente, o pagamento em dia dos salários dos trabalhadores etc.
O mundo mudou; as promessas vazias já não seduzem. A chave para o sucesso de qualquer negócio está na criação de um ambiente onde os colaboradores não apenas vejam, mas vivenciem, um futuro promissor. Líderes precisam entender que a motivação e o comprometimento florescem onde as perspectivas são claras e tangíveis. Se o colaborador não confia, não se envolve. Quem atua em funções de liderança, precisa ser transparente e se mostrar confiável.
Ambientes de trabalho que negligenciam o crescimento pessoal e profissional do colaborador cultivam a desmotivação. Uma organização sem visão clara não só falha em fornecer fatores motivacionais, mas também corre o risco de uma força de trabalho desengajada e um declínio na produtividade.
Um dos maiores pesquisadores do mundo das empresas e de motivação, o escritor Daniel Pink, destaca a importância de autonomia, maestria e propósito – três pilares que se desmoronam na ausência de um caminho de crescimento claro. Ninguém consegue se manter motivado se não tiver perspectiva de algo positivo que pode acontecer amanhã, na semana que vem ou no próximo ano.
É vital que a empresa ofereça um ambiente que faça o profissional vislumbrar novas possibilidades. Isso pode incluir a oferta de oportunidades para o crescimento pessoal e profissional, como treinamento, educação, mentoria e oportunidades de liderança – dentro de um contexto que faça sentido, ou seja, que haja aplicabilidade.
Na prática, quando a empresa não oferece perspectiva de desenvolvimento, os colaboradores buscam novos desafios em outros lugares, aumentando os custos de recrutamento e treinamento e prejudicando a continuidade dos processos internos. E quando não se desligam, permanecem na empresa numa espécie de estado vegetativo.
A transformação passa pela adoção de uma gestão transparente (sem tentar maquiar ou esconder os problemas), humanizada, focada no desenvolvimento contínuo dos colaboradores. As empresas devem investir em programas de treinamento e educação que vão além do convencional, fomentando uma cultura de aprendizado e crescimento pessoal.
Em suma, o caminho para lidar com a falta de perspectivas é criar um ambiente que valorize o crescimento pessoal e profissional contínuo, investindo em treinamento, feedback construtivo e comunicação aberta e transparente. Assim, as empresas não apenas retêm talentos, mas também cultivam líderes e inovadores essenciais para o crescimento e sustentabilidade a longo prazo.–
Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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