Chegando ao fim de mais um período, que no calendário gregoriano convencionou-se chamar de ano, o de número 2023, de uma era que dividiu a humanidade terrena em antes de depois da vinda do Espírito mais perfeito que esteve encarnado no Planeta Terra, é natural refletirmos sobre o tempo de nossas existências.
O tempo, ah o tempo: ‘olha o que ele fez, olha o que ele fez’, com Galvão Bueno, pensei ontem assistindo ao programa que homenageou o narrador esportivo de maior sucesso nos últimos 40 anos na TV brasileira. O tempo é implacável com a matéria e quando se tenta apagar as marcas físicas de sua atuação corremos o risco de parecermos artificiais como a aparência de Reginaldo Lemes, cuja a imagem nem de longe lembrou a dos tempos de comentarista ao lado do narrador de Fórmula 1.
Então, reflitamos sobre a urgência de aproveitarmos o tempo que nos resta na existência atual, tendo como base o texto a seguir, do Momento Espírita:
‘Quando paramos para refletir sobre os valores da nossa sociedade atual, vemos as enormes ondas do materialismo em todas as camadas sociais. As noções básicas de dignidade foram quase totalmente abandonadas a pretexto de uma falsa liberdade. As guerras possibilitam fortunas acumuladas sobre cadáveres de inocentes.
Falar a respeito de Deus é visto com maus olhos. A hipocrisia é maior do que a justiça. No coração de muitos esfriou o amor. Facilmente concluímos que estes são os tempos preditos desde há muito. Tempos em que os trabalhadores da última hora são chamados ao labor, sem tardança. Em que o joio será separado do trigo, e toda planta que o Pai Celestial não plantou será arrancada e lançada fora.
Essas imagens fortes nos convidam à reflexão. Muitos ainda permanecemos em consciência de sono, nos atendo apenas às nossas funções orgânicas, como o alimento para o corpo, o sono reparador e a satisfação dos prazeres.
Corremos do trabalho para o lazer, e de novo para o trabalho, num círculo vicioso. Utilizamos nosso tempo cuidando das coisas que exaltam o nosso ego, esquecendo de cuidar do eu verdadeiro, nosso Espírito imortal.
Deixamos de levar em conta que, após havermos percorrido nosso tempo na presente vida, somente restará o Espírito que nunca morre. É tempo de nos perguntarmos para onde estamos sendo levados, nessa ânsia das coisas materiais. Estamos cheios das coisas do mundo e vazios das coisas da Espiritualidade.
Parecemo-nos com Marta, aquela da passagem evangélica, preocupados em arrumar a casa, preparar o alimento, guardar dinheiro para adquirir mais bens. Naturalmente, não estamos sugerindo que abandonemos o trabalho, os afazeres de nossa responsabilidade. Ou que deixemos de viver no mundo e nos isolemos em algum local, longe de todos, em busca da conexão com o Criador.
Apenas pensemos em nosso viver, que pode até mesmo contemplar as frivolidades de cada dia, mas com um sentimento de pureza que as possa santificar. Isso significa darmos sentido à nossa vida. Honrar o dia com nosso trabalho, que engrandece o mundo e aprimora nosso intelecto.
Entretanto, dedicarmos um espaço para pensar na essência que somos, aquela que sobreviverá à transitoriedade das coisas. Como recomenda um benfeitor espiritual: impor silêncio aos ciúmes e às discórdias para que não sejamos promotores de desgraças. E nos dispormos a realizar alguma coisa em benefício do outro. Pode ser algo que alimente ou aqueça o corpo, ou algo que lhe fortaleça a alma.
Nem só de pão vive o homem, disse Jesus. E lembramos que o ser humano precisa do pão da alma, do carinho de um irmão, de um abraço afetuoso, para se sentir minimamente feliz.
Nós mesmos não podemos viver na aridez dos sentimentos, como quem se encontra em um deserto de homens, sem nenhum oásis à vista. Não há mais tempo a perder. As guerras, as doenças, os desastres naturais, tudo nos convoca, todos os dias, a pensar no amanhã imortal.
Aprontemos nossa bagagem com coisas positivas, ações beneméritas, pacificação interior.’
Akino Maringá, colaborador
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