A polícia de Berlim anunciou nesta sexta-feira (26) que está investigando o músico Roger Waters, cofundador do grupo Pink Floyd, por incitação ao ódio depois que ele vestiu um uniforme de estilo nazista em um show na capital alemã.
“Estamos investigando uma suspeita de incitação ao ódio público porque as roupas usadas no palco podem ser utilizadas para glorificar ou justificar o regime nazista, perturbando a ordem pública”, disse à AFP o porta-voz da polícia de Berlim, Martin Halweg.
“As roupas lembram o uniforme de um oficial da SS”, acrescentou Halweg.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram Waters vestido com longo casaco preto com braçadeiras vermelhas, durante um show em 17 de maio na Mercedes-Benz Arena
A imprensa da Alemanha e de Israel também informou que, durante o show, Waters exibiu em um telão os nomes de várias pessoas falecidas, incluindo os de Anne Frank, a adolescente judia que morreu em um campo de concentração nazista, e de Shireen Abu Akleh, a jornalista com cidadania palestina e americana do canal Al Jazeera que faleceu em uma operação israelense em maio de 2022.
“Estamos investigando e, após a conclusão do procedimento, transmitiremos as informações ao Ministério Público para uma última avaliação jurídica”, acrescentou o porta-voz da polícia.
O MP decidirá se o cantor britânico, 79 anos, será processado ou não.
O show de Waters em Berlim recebeu muitas críticas em Israel.
O ministério israelense das Relações Exteriores afirmou que Waters “profanou a memória de Anne Frank e de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”.
“Waters quer comparar Israel com os nazistas. Ele é um dos maiores críticos dos judeus de nossa época”, escreveu no Twitter o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon.
Waters é um conhecido ativista pró-Palestina que já foi acusado de ter posições antijudaicas. Em seus shows, ele utiliza um porco inflável com a estrela de David. Também defende ações de boicote a produtos israelenses.
As autoridades da cidade alemã de Frankfurt cancelaram um show do músico programado para 28 de maio, mas a decisão foi anulada por um tribunal administrativo em nome da liberdade de expressão.
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