A estimativa do Corpo de Bombeiros é de que 30 pessoas ainda estavam desaparecidas até ontem à tarde.
O motorista José Maria Pires, de 60 anos, passava pelo local do deslizamento de um barranco segunda-feira de madrugada, no exato momento em que ocorreu a tragédia da BR-376, em Guaratuba. O caminhão que ele dirigia foi soterrado e José não teve a sorte de ser resgatado com vida, como ocorreu com outras pessoas. O caminhão que transportava um container foi identificado por familiares quando a televisão exibia imagens aéreas do local. A partir daí, muitas orações e torcida para que o socorro chegasse a tempo de salvar o alegre caminhoneiro de São Francisco do Sul. Pires era casado e pai de cinco filhos.
Até ontem à tarde os Bombeiros ainda não tinham o número de vítimas, pois as buscas continuavam e circunstâncias eram muito difíceis para o trabalho de resgate. A estimativa até quase o escurecer era de que cerca de 30 pessoas continuavam desaparecidas no grande deslizamento. Seis vítimas tinham sido resgatadas com vida e duas, já em óbito. De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco de Figueiredo Júnior, o número de vítimas estava sendo calculado com base no número de veículos soterrados, cerca de 20, sendo 13 carros de passeio e 7 carretas.
Ontem atarde, as equipes de resgate usavam câmeras termais acopladas a um drone, na tentativa de identificar focos de calor que poderiam ser de sobreviventes. Devido à continuidade das chuvas não estava sendo possível usar guinchos para a remoção dos veículos soterrados. O prefeito de Guaratuba, Roberto Justus, que teve o carro da Prefeitura atingido, disse: “ Eu nunca tinha visto tanta água e tanta lama morro abaixo. Parece que todo o morro desabou”.
O prefeito e seu motorista Claudio Margarida voltavam de Curitiba quando ocorreu o desabamento e os pegou já no fim da faixa de morro que estava cedendo. “A velocidade do deslizamento era tão grande que nem deu tempo de pensar absolutamente nada. Pus a mão no vidro, com a ideia de segurar a pancada e aguardei pelo pior.Com o impacto, o carro foi jogado pra cima e aquela lama toda começou a nos erguer. Subiu, subiu e depois deslizou na pista”, disse o prefeito, que conseguiu sair depois que o motorista quebrou vidro da porta esquerda com o pé. “Saímos ilesos, ficou só a dor da pancada e o estado emocional muito abalado. Foi uma situação assustadora. Não sei nem como estou aqui, vivo”, completou.
Redação JP
Foto – Ric Mais