Graciane foi vista pela última vez na sua casa em Paiçandu dia 10 de outubro de 2005, quando a família suspeita que ela teria sido raptada por um vizinho e entregue ao tráfico internacional de mulheres.
Os pais saíram de madrugada para o trabalho e Graciane da Silva Bandeira, hoje com 32 anos, que estava com um braço engessado, ficou dormindo. A vizinha dos fundos disse ter ouvido gritos abafados que não soube precisar de onde partiam , mas que era de uma mulher pedindo socorro. A vizinha pensou em princípio, tratar-se de briga de um casal, que ela disse ser rotineira na sua rua. Um irmão de Graciane dormia em um quarto ao lado, mas não acordou. Quando amanheceu o dia, Graciane não estava e o irmão pensou que ela tinha saído para trabalhar na casa de uma família onde era babá.
Desde aquele dia, dona Graciete, a mãe e seu Hilário, o pai, têm vivido amargurados, mas sem nunca perder a esperança de encontrar a filha, então com 23 anos de idade. A família acionou as autoridades policiais , que tiveram indícios por meio de exames de material coletado na residência pela Polícia Científica, de que algo de muito grave aconteceu. A mãe até apontou um possível suspeito. Era um vizinho que costumava passar as madrugadas em frente à casa dele fazendo barulho. Naquele dia, quando saiu por volta das 4h para ir trabalhar em um frigorífico de Maringá, dona Graciete disse ter sentido uma coisa estranha ao ver aquele homem se virar pra ela e perguntar: “Já vai trabalhar tia?”. Pouco mais tarde quando seu Hilário saiu para o Ceasa, também em Maringá, o mesmo homem lhe pediu uma folha de caderno, mas ele disse que estava atrasado e foi embora.
A família só soube do desaparecimento depois que ligou para a casa onde a moça trabalhava no final da tarde e a patroa informou que Graciane não era de faltar mas naquele dia não havia aparecido. Foi quando bateu o desespero e sentindo calafrio ao relembrar o jeito estranho do vizinho, a mãe procurou a Delegacia de Paiçandu para fazer o BO. A família de Graciane já esteve pedindo ajuda no programa da Fátima Bernardi, enviou um cartaz com foto da moça para o México, onde ela teria sido vista, de acordo com telefonema anônimo. O caso foi parar até na Interpol, que investiga o tráfico internacional de Mulheres. A família já recebeu muitas informações supostamente falsas, mas em duas delas, deu um jeito de ir atrás. Em uma, diziam que uma moça com características iguais às de Graciane estava internada e sem memória em um hospital de Belém do Pará. A irmã Gisleine foi até a capital paraense mas a informação era falsa. Em outra ocasião, ela se deslocou até Rio do Sul, em Santa Catarina, após receber informação sobre o possível paradeiro da moça naquela cidade. Novamente, pista falsa.
O vizinho suspeito foi ouvido pela Polícia Civil e justificou um hematoma no rosto e inclusive um sinal de unhada, dizendo que havia se machucado numa briga ocorrida no centro de Paiçandu. Como não havia prova de nada e nem ordem de prisão preventiva, foi liberado. O laudo da polícia científica, após colher material na casa onde a moça residia apontou que havia no local marcas de um produto geralmente usado para fazer pessoas desmaiarem. Curiosamente, o vizinho, identificado como Cléverson, foi embora da cidade três meses depois do desaparecimento de Graciane.
Apesar de já ter passado tanto tempo e sem nenhuma pista, a família, sobretudo a mãe e a irmã, continuam a busca obcecada pela jovem Graciane. “Eu creio e ninguém tira isso de mim, sei que vou encontrar minha irmã. Não adianta falarem que está morta, pois se morreu quero que me provem, quero ver o teste de DNA, não aceito só palavras. Minha busca é constante, até no México a foto dela é divulgada. Jamais irei desistir de procurar por ela”, garante a irmã Gislaine, que informa estar sua mãe com síndrome do pânico, mas ainda com muita fé de que a filha esteja viva. De acordo com a Polícia Civil de Paiçandu, Graciane foi procurada em vários locais e estados, e o caso foi arquivado há cerca de dez anos, após todos os meios de investigação terem sido esgotados. Ainda segundo a polícia, se forem descobertos novos fatos, o caso será desarquivado para que as investigações sejam retomadas. O contato para denúncias na Polícia Civil é o (44) 3244 -0888.
GMC
Foto – Interpol