Noosfera é uma palavra rica, embora pouco presente na literatura e muito menos na conversa informal. Vem do grego “nóos” (ou “nous) e contém a ideia de espírito, mente. Assim como existem a litosfera, a hidrosfera, a biosfera, a atmosfera, haveria também a noosfera – o mundo das ideias, formado pelas energias espirituais, pelos produtos culturais, teorias, conhecimentos. Resumindo: é a esfera do pensamento humano.
Na verdade só me lembro de ter visto essa palava – noosfera – nos livros do padre, médico e escritor maranhense João Mohana e do padre, filósofo, teólogo e paleontólogo francês Teilhard de Chardin. Porém acho o tema fascinante.
Na noosfera, segundo pude entender, mistura-se tudo o que sabemos, o que pensamos, o que sentimos, o que desejamos, tudo o que sonhamos. O bem e o mal. O amor e o ódio. O trigo e o joio. Daí o conflito que vem desde Abel e Caim e que somente terminará, na perspectiva dos que acreditam na vitória do bem, no momento em que a “mente universal” estiver inteiramente despoluída, ou seja, livre de todos os resíduos do mal.
Neste exato momento da história da humanidade, seria difícil avaliar como anda essa competição. Quem está vencendo – o bem ou o mal? Muito provavelmente os torcedores do bem sejam maioria, aliás a grande maioria, contudo a pequena minoria que forma a torcida do mal parece mais atuante, ou pelo menos mais barulhenta.
Onde estão os geradores de energia ruim? Em todos os lugares onde haja pessoas que se deixem decair como pessoas, na medida em que se fazem escravas da soberba, da mentira, da intolerância, da inveja, da ira, da ganância, da perversidade, e que passam todo o tempo tramando contra a sociedade e praticando toda forma de indignidade, desonestidade, violência, injustiça.
E onde estão os geradores de energia boa? Estão nos lares onde pais e filhos procuram viver segundo as melhores normas da civilização; estão nas escolas onde se busca não apenas ensinar ciências e técnicas mas também bons princípios; estão nos locais onde se reúnem fiéis de todas as religiões para desenvolver virtudes como a generosidade, a esperança, a mútua ajuda, o mútuo respeito; estão nas associações onde as pessoas se dedicam a prestar serviços comunitários gratuitos; estão nos clubes onde homens, mulheres, crianças se encontram para praticar esportes, lazeres, atividades culturais e artísticas; enfim em todos os lugares onde se exercite a harmoniosa convivência humana num clima de boa vontade, paz, alegria e fraternidade.
Quanto mais gente houver, no mundo inteiro, pensando, desejando e fazendo coisas ruins, maior a carga de energia negativa. Quanto mais gente pensando, desejando e fazendo coisas boas, mais pura e saudável será a noosfera.
De que lado estamos?
A. A. de Assis
Foto – Reprodução