O caso voltou à tona após reportagem do GloboPlay, exibida no Fantástico. A matéria jornalística narra o crime ocorrido no litoral paranaense em que o menino Evandro Ramos Caetano, então com seis anos de idade, desapareceu e teria sido sacrificado em um ritual de magia negra. O corpo de uma criança foi encontrado sem os órgãos e com as mãos e os dedos decepados. A conclusão imediata é que tratava-se de Evandro, neto de um ex-prefeito de Guaratuba que teria sido adversário político do prefeito da época, Aldo Abagge.
No curso das investigações a Polícia Civil prendeu o pai de santo Osvaldo Marcineiro e Davi dos Santos, suspeitos de executar o crime, a mando da primeira dama, Celina e da filha dela, Beatriz Abagge. As duas foram presas, julgadas e condenadas. Mas sempre alegaram inocência e denunciaram ao Ministério Público terem sofrido tortura para confessar o crime que sustentam até hoje não terem cometido. Na época em que o envolvimento delas foi apontado, a casa do prefeito e da primeira dama foi apedrejada por populares.
Diante de tanta polêmica e das dúvidas suscitadas na reportagem, a Secretaria de Justiça do Paraná criou o grupo de trabalho com o objetivo de detectar falhas no processo , que é um dos mais rumorosos da crônica policial do Brasil em todos os tempos. Há denúncias de violação dos direitos humanos e supostas injustiças contra as duas mulheres suspeitas e possivelmente contra os acusados de execução do crime. Mãe e filha chegaram a ser condenadas, cumpriram pena e estão em liberdade. Os trabalhos do grupo serão conduzidos pelo Departamento de Promoção e Defesa dos Direitos Fundamentais da Cidadania. “Eu tenho esperança que o Evandro esteja vivo e que ele tenha sido encaminhado para longe. Hoje em dia ele vai estar com mais de 30 anos, e se essa história transpor barreiras além do Brasil, essa criança vai lembrar pelo menos do nome dele, ou do pai, ou da mãe, e vai aparecer”, afirmou Celina Abagge, que apesar de já ter cumprido pena diz que não descansa enquanto não provar sua inocência.
Alguns jornalistas que cobriram o rumoroso na época e que ainda estão em atividade no Paraná chegam a comparar este caso com o da Escola de Base de São Paulo, quando um casal acusado por um crime que não cometeu , foi preso e depois inocentado por absoluta falta de provas. Além de Celina, Beatriz, Osvaldo Marcineiro e Davi dos Santos, Francisco Sérgio Cristofolini e Airdon Bardelli também foram apontados como envolvidos , mas sempre negaram participação na suposta morte do menino Evandro.
Entre as autoridades que teriam determinado as torturas, Celina aponta o ex-secretário de segurança do Estado , Moacir Favetti: “ No dia em que eu prestei depoimento em Matinhos, o secretário de Segurança Moacir Favetti falou : ‘deveriam ter torturado mais essa cadela que agora está contando tudo’. Ele também mandou soltar a gente em praça pública, se a justiça desse habeas corpus”. O advogado Antônio Augusto de Figueiredo Basto, que defende Beatriz e Celina Abagge disse que irá pedir uma revisão criminal do processo sobre o caso no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) e também vai pedir na Corte Interamericana de Direitos Humanos a condenação do Estado por ato de tortura das autoridades contra os acusados.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Me chamo Paloma e trabalho auxiliando a Sra Beatriz Abagge, no que se refere a sua imagem e marketing. Encontrei sua matéria e tem diversos equívocos e informações desencontradas, escritas de forma errônea e solicito, por gentileza, que sejam editadas para que não haja transtornos futuros. Em primeiro lugar, Beatriz Abagge e Celina Abagge não foram condenadas e nem cumpriram nenhuma pena. Em um primeiro júri, de 1998, ambas foram absolvidas da acusação e, em 2011, somente Beatriz foi a um novo júri, enquanto sua mãe, Celina Abagge, já tinha mais de 70 anos e não passou por novo julgamento.Em segundo lugar, não foram 6 os acusados, e sim 7: Beatriz Abagge, Celina Abagge, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares, Airton Bardelli, Francisco Sérgio Cristofolini e Vicente de Paula.E, por fim, em seu último parágrafo, quando falam sobre Moacir Favetti, quem falou a frase que “deveriam ter torturado mais essa cadela” não foi Celina Abagge e sim Beatriz Abagge.Certa de sua compreensão agradeço e solicito a edição da matéria.Qualquer dúvida, me coloco a disposição para esclarecimentos.Fico no aguardo.Atenciosamente,Paloma.
PS: Celina e Beatriz Abbage foram a julgamento em 1998. Depois de 34 dias de sessões, e 30 testemunhas prestarem depoimento, elas foram consideradas inocentes. O veredito foi de que o corpo encontrado desfigurado num matagal não seria de Evandro.
O Ministério Público do Paraná recorreu e conseguiu a anulação do julgamento. As duas ficaram presas em regime fechado de 1992 a 1995 e cumpriram mais três anos de prisão domiciliar em Curitiba, sendo liberadas em 1998. (Fonte: Folha de Londrina 26 de maio de 2011).
Redação JP
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