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Antônio de todos

O jornalista brasileiro Edison Veiga, que hoje mora e trabalha na Eslovênia, aproveitando sua estada na Europa fez uma pesquisa muito interessante sobre a história de um dos santos mais queridos do povo – “Santo Antônio de Lisboa, Santo Antônio de Pádua, Santo Antônio do Brasil. Santo Antônio de todos os lugares, de todas as pessoas, de todas as causas. Santo Antônio de tudo”.
    
A pesquisa resultou num livro cativante (Veiga, Edison. Santo Antônio. São Paulo: Planeta, 2020. 208 p.). Na verdade uma belíssima reportagem.
    
Em poucas frases, o autor resume o personagem: 1. “O português mais conhecido do mundo”. 2. “Uma das pessoas mais eruditas da Idade Média”. 3. “Um dos maiores oradores que já existiram”. 4. “Uma grande metáfora do amor de Deus pela humanidade”. 5. “Um testemunho de que os superlativos cabem na humildade”.
  
Na Itália, seu prestígio é tão generalizado que nem precisa de nome: as pessoas a ele se referem simplesmente como “Il Santo”. No mundo inteiro, depois de Jesus Cristo, dizem que em número de devotos ele só perde para Nossa Senhora.

Mas não creio que haja hierarquia ou competição entre os santos. São todos iguais. Tanto os santos-cabeça, como Agostinho, Tomás de Aquino, Teresa de Ávila, Catarina de Siena, quanto os santos-coração, como Francisco de Assis, João Vianney, Paulina, Dulce dos Pobres. Antônio é célebre ao mesmo tempo pela cultura e pela bondade, mas nem por isso jamais fez pose. Andava descalço, e certa vez até recusou um convite do papa Gregório IX para ser cardeal em Roma. Preferiu continuar ao lado dos seus irmãos franciscanos, pregando de aldeia em aldeia e ajudando os doentes e os desprovidos.
    
Antônio (1195-1231) nasceu em Lisboa com o nome de Fernando. Iniciou a vida religiosa como agostiniano, depois ingressou na ordem dos franciscanos. Foi contemporâneo e amigo de São Francisco de Assis.
    
Além de por tantas outras virtudes, tornou-se popular como intermediário de grandes milagres, alguns comprovados, outros oriundos da imaginação dos fiéis. Ficou conhecido também como animador das festas juninas tradicionais em Portugal e no Brasil, achador de coisas e especialmente como casamenteiro. 
    
Porém nessas histórias de Cupido parece que boa parte seria folclore. Comprovado mesmo seria um registro bem mais significativo: o de que Santo Antônio pregava contra os “noivados arranjados”, defendendo que todo casamento deve ser fruto de um amor verdadeiro.
    
No demais, tudo o que se diz do sábio, humilde e generoso Antônio justifica o comovente carinho que tantos milhões de devotos dedicam a ele. A bênção, Xará.   

A.A. de Assis
Foto – Reprodução

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