Já tivemos em Maringá numerosos donos de jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão, todos eles valorosos e bastante conhecidos. Peço, porém, licença para destacar quatro: Ivens Lagoano Pacheco (O Jornal de Maringá), Manoel Tavares (A Tribuna de Maringá), Frank Silva (O Diário do Norte do Paraná) e Verdelírio Barbosa (Jornal do Povo).
Durante os mais de 30 anos em que trabalhei como profissional, convivi intensamente com os nossos “quatro mosqueteiros”. Ivens, Tavares e Frank já estão na eternidade. Verdelírio continua entre nós, agora promovido a oitentão, mas ainda e sempre Verde, forte, ativo, ridente, inquieto, criativo, arrojado, destemido, sábio, sobretudo um amigão.
Nos seus 80 belos anos conseguiu algo que raros jornalistas conseguem: unanimidade. Todo mundo gosta dele. Quando preciso ele bate pesado nas críticas, todavia nem assim perde a bem-querença de quantos o conhecem.
Conheço-o faz tempo à beça. Já falei aqui que conversei com ele pela primeira vez numa viagem de trem de Maringá para São Paulo. Já nos conhecíamos de vista e de nome, contudo ainda não havíamos nos apresentado. Ele é oito anos mais garoto que eu. Me viu no vagão e veio puxar prosa. Papeamos ao longo da viagem inteira.
Na época Verdelírio estava começando no rádio. Depois não parou mais de escrever, falar, discutir, informar – no rádio, em revistas, nos jornais, na televisão.
Chegou um dia em que se tornou dono do Jornal do Povo. Faz 30 exatos anos. Como foi que ele conseguiu, somente seu peito e coragem explicam. Mais ainda: como foi que ele pôde manter o JP até hoje em circulação, e a cada dia melhor, somente Deus sabe.
Homem de garra, mas também de fé. De ir à missa toda segunda-feira e pedir força e ânimo a Papai do Céu para jamais deixar a peteca cair.
A gente sabe da luta que a mídia impressa vem tendo que enfrentar para sobreviver, Grandes jornais e revistas já tiveram de desativar as máquinas, outros e outras tantos e tantas vão seguindo adiante, porém pererecando. Pior ainda neste brabo tempo de pandemia,
Verdelírio Barbosa continua firme. Todas as manhãs a região de Maringá acorda lendo o Jornal do Povo. A cada dia com mais vigor. Três décadas de marcante e exemplar participação na história de um povo de bravos habituado a peitar todo tipo de desafio.
Em Maringá o 31 de março é o Dia do Verde. Aniversário dele e do Jornal do Povo. Desta vez, como estamos todos trancados em casa, não vai dar para reunir os amigos e trocar abraços. Mas a festa acontece assim mesmo, na sala íntima do coração de cada um de nós. Oitenta anos do Verde. Trinta anos do Jornal do Povo.
Um brinde à sua belíssima biografia, querido amigo/irmão. Deus nos permita dar ainda, juntos, muitas voltas em redor do Sol.
A.A.de Assis
Foto – Reprodução