Sentir medo é mais que uma reação natural; é uma forma de preservação. Por vezes, da própria vida. A falta de medo potencializa os riscos. Quem não tem medo, vive menos. Ou, como diz a Pitty:
“Homem que não tem medo é homem que nada ama”.
Entretanto, o mesmo medo que protege, paralisa. Por isso, fora da medida, rouba a chance de ser feliz.
Em algumas ocasiões, o medo se torna uma doença. Mas não é desse medo que pretendo falar. Quero falar desse sentimento que tira as forças e nos faz perder oportunidades.
Diversas vezes já falei por aqui sobre nossas escolhas. E escolher é um ato que pressupõe coragem. Quem abre mão de escolher, fica em cima do muro e perde oportunidades. Não vive uma coisa e nem outra. Tenta ter tudo e nunca tem nada. Quem não escolhe, quase sempre não escolhe por efeito do medo. Medo de perder algo, medo do desconhecido. Por isso, coragem é enfrentar e confrontar a si mesmo.
A vida nos convida a experimentar coisas diferentes. E é comum que a gente tenha vontade de experimentá-las. Entretanto, nem tudo é tão simples. Nem sempre é só ir lá, tocar, sentir, cheirar… Há momentos em que para se ter algo é preciso pagar o preço. Mas qual o preço? Quase sempre, não dá para saber. É possível projetar, imaginar… Porém, o custo exato não existe previamente. E é por isso que a gente tem medo. Medo do desconhecido. Medo de “quebrar a cara”. Medo de sofrer.
Quem gosta de sofrer? Quem se sente confortável em atirar-se ao desconhecido? Ok, tem os malucos de plantão que mergulham sem medo. Esses, porém, podemos chamar de inconsequentes. Alguns os classificam como corajosos, ousados. Não, eles não são. Gente corajosa e ousada também tem medo. O que diferencia essas pessoas das demais é a capacidade de transformar o medo em estratégia.
Gente corajosa e ousada também sabe ser cautelosa e prudente. E tem medo. No entanto, não se deixa paralisar. Não deixa de viver o que tem de viver, o que quer viver. Apenas faz as coisas na hora certa e está preparado para as consequências de suas escolhas… A ponto de, se der errado, não passar uma vida inteira se lamentando por ter errado. Erros, falhas, fracassos não são a medida do que somos. São apenas rastros, movimentos da própria existência.
Lembre-se: se fracassam aqueles que tentam viver algo novo, a não tentativa é o maior dos fracassos e a raiz de todos os arrependimentos.
PS- Mesmo quem não curte o som mais pesado da Pitty, depois de ler o texto, fica a dica: ouça a música Medo, da Pitty.
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Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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Foto – Reprodução
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