
A.A. de Assis, carioca de São Fidélis, milita na imprensa e no cenário cultural maringaense desde 1955, quando chegou ao município. Trabalhou na “Folha do Norte do Paraná”, foi redator da primeira revista editada da cidade, a “Maringá Ilustrada”, na “Rádio Cultura, e professor do Colégio Santa Cruz e do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá.
Atualmente, com mais de 90 anos de idade, continua produzindo crônicas, publicadas semanalmente no Jornal do Povo e Blog do Rigon, e uma delas vamos reproduzir, para ampliarmos a reflexão que faz, sobre os bons e os considerados maus.
Conta- nos, Assis, que lendo a seguinte: “Quem nasceu pra marimbondo, nunca chega a vaga-lume”, ocorreu-lhe que quem inventou esse “provérbio” teve em mente figurar a oposição entre pessoas “do mal” e pessoas “do bem” – chamando atenção para a dificuldade de quem nasce perverso (como o marimbondo, mal- afamado por estar sempre a espalhar ferroadas) transformar-se em benfeitor (como o vaga-lume, bichinho simpático e bemquerido por ser um semeador de luz). Trocando em miúdos: sua intenção era dizer que “pau que nasce torto não tem jeito, morre torto”.
De fato, prossegue, não é fácil crer na mudança de um coração ruim, mas Jesus garante que as pessoas ruins têm conserto sim. Tanto é que Ele nos manda perdoar “setenta vezes sete” os que praticam malvadezas, ou seja, nos manda oferecer infinitamente a quem erra a chance de se tornar melhor. Aliás, foi essa também uma das lições mais bonitas que o papa Francisco nos deixou de herança (“Se Jesus perdoa, quem sou eu para condenar?”)
Poderíamos lembrar o caso dos grandes convertidos, como Paulo, Agostinho e tantos outros. Mas nem é preciso citar exemplos tão marcantes. Entre as pessoas comuns há incontáveis casos de marimbondos que viraram vaga-lumes.
Mesmo assim, entretanto, a gente acha quase impossível imaginar uma sociedade em que os hoje chamados “pecadores” ou “criminosos” passem a ser vistos e tratados como “enfermos” ou “desajustados” – infelizes que não precisam de castigo, mas de terapia psíquica e espiritual. Um processo que exige muita paciência, compreensão e caridade.
Para tanto, seriam necessários ainda muitos anos de reeducação e purificação da humanidade como um todo, até chegarmos a um nível tão alto de civilização que nos leve a um novo modo (fraterno e amoroso) de convivência social. Em alguns poucos países esse ideal já parece próximo de ser alcançado. Quem sabe os nossos bisnetos verão algo assim no mundo inteiro’.
Ao ler a crônica, lembrei-me de uma fala de Divaldo Pereira Franco, que a semana passada retornou ao Mundo Espiritual, que em uma palestra disse, em oração, que gostaria de ser luz forte para espalhá-la, por onde passasse, mas sendo impossível , que lhe fosse permitido ser um pirilampo ( sinônimo de vaga-lume), que nas noites escuras também projeta uma luz, bem menor, mas luz.
Daí veio o título e a vontade de refletirmos, sobre o que aprendemos com a Doutrina Espírita, concluindo que todos, os que ainda somos ‘marimbondos’, alguns cuja presença gera escuridão, um dia seremos, em matéria de luz, em relação a Deus, pelo menos ‘pirilampos’.
Deus, que segundo resposta dos Espíritos Superiores, quando da codificação espírita, é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas, portanto o Criador de todos os seres humanos, do mesmo modo , em igualdade de condições, simples e ignorantes. Simples no sentido de desprovidos de qualquer atributo, e ignorantes, no sentido de não sabermos de nada, sem conhecimentos, mas com o livre arbítrio para aprendermos o caminho do bem , com o mapa gravado na consciência.
Segundo Jesus, que logo optou pelo bem e se tornou o Espírito mais puro que veio à Terra, Planeta criado por ele mesmo, nenhuma ovelha ( marimbondos) se perderá.
Deus, a luz criadora, nos fez para sermos luz, e seremos ao menos ‘pirilampos’, em relação a Ele, cedo ou mais tarde.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução