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Quantos anos tenho?

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      O meu amigo Angelo Zussa, filosofo amador como eu,  fez uma postagem em  rede social que  serve para a refletirmos sobre o título. Filósofo amador  porque,  fora alguns profissionais da filosofia, quase todos nós, os demais  viventes, somos filósofos, os que questionamos, raciocinamos, buscando respostas para questões fundamentais da existência, como de onde viemos para onde vamos, o que estamos fazendo na vida, e de nossas vidas.

      Filósofos são pessoas que investigam, racionalmente,  áreas que não são da ciência ou da teologia. O termo vem do grego antigo e significa “amante da sabedoria”. O conceito de filosofia pode ser definido como a busca, através da reflexão crítica e do raciocínio lógico, por entender questões fundamentais, como  a verdade, a moralidade e a realidade. Em outras palavras, a filosofia é a área do conhecimento que questiona, analisa e procura respostas para as grandes perguntas da vida e do universo. 

            A postagem do   Angelo, reproduz texto de José Saramago, falecido em 18 de junho de 2010,  deixando um legado literário que continua a inspirar e a influenciar escritores e leitores em todo o mundo.  Ei-lo:

“Quantos anos eu tenho? O que importa isso? Tenho a idade que escolho e que sinto!

A idade em que posso gritar sem temor o que penso, fazer o que desejo sem receio de errar,

pois trago comigo a experiência dos anos vividos e a força inabalável das minhas convicções. Não importa quantos anos tenho,

não quero saber disso!

Alguns dizem que estou velho, outros afirmam que estou no auge. Mas não são os números que definem a minha vida, não é o que dizem, mas sim o que o meu coração sente e o que a minha mente dita. Tenho os anos suficientes para gritar minhas verdades, fazer o que quero, reconhecer velhos erros, corrigir rotas e valorizar vitórias.

Já não preciso ouvir: “Você é jovem demais, não vai conseguir”, ou “Você está velho demais, o seu tempo já passou”. Tenho a idade em que as coisas são vistas com serenidade, mas com o desejo incessante de continuar crescendo. Tenho os anos em que os sonhos podem ser tocados com os dedos, e as ilusões se transformam em esperança. Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama ardente, ansiosa para se consumir no fogo de uma paixão.

Outras vezes, é um porto de paz, como o pôr do sol que se reflete nas águas tranquilas do mar. Quantos anos eu tenho? Não preciso contar, pois os desejos que alcancei, os triunfos que obtive, e as lágrimas que derramei pelas ilusões perdidas, valem mais do que qualquer número. O que importa se fiz cinquenta, sessenta ou mais? O que realmente importa é a idade que sinto, a força que tenho para viver sem medo, seguir meu caminho com a experiência adquirida e o vigor dos meus sonhos.

Quantos anos eu tenho? Isso não importa!

Tenho os anos suficientes para não temer mais nada, e para fazer o que quero e sinto. A idade? Não importa quantos anos ainda tenho, porque aprendi a valorizar o essencial e a carregar comigo apenas o que realmente importa!”

       Para concluir, digo eu ( Akino), quando me perguntam minha idade costumo responder que não sei.  E, brincando,  digo  que uso um (corpo) 51 em bom estado de conservação , que  serve de veículo de condução e manifestação  da alma que sou, criada, possivelmente, há milhares, talvez milhões de anos.    

A alma que todos somos, segundo o filosofo Alan Kardec,  é  essência imaterial da vida humana, em grego, “psykhé”, em latim, “anima” (vida, alento, ar).
Mas “psykhé”, na filosofia grega, significa também borboleta, que simboliza a alma que de lagarta passa a crisálida no casulo donde sai como borboleta, tal  qual à alma em suas vindas à vida terrena, num corpo físico,  para as sucessivas  reencarnações.

 Para pergunta, quantos anos tenho, não tenho uma resposta. Talvez tenha nascido há dez mil anos, título de música de Raul Seixas, com o  atrás  a mais, um ‘pleonasmo poético’, digamos, mas   erro gramatical que devemos evitar.

Sei que nascemos, morremos, renascemos…

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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