
Poetas e compositores sempre abordaram os temas vida e viver, em letras que nos convidam a refletir, como nesta composição de Roberto e Erasmo Carlos, que transformamos em texto:
‘Quem espera que a vida, seja feita de ilusão, pode até ficar maluco, ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado, pra mais tarde não sofrer, é preciso saber viver.
Toda pedra do caminho, você pode retirar, numa flor que tem espinho, você pode se arranhar, se o bem e o bem existem, você pode escolher, e preciso saber viver.’
Há quem diga quem que a vida seja um jogo, e aqui escolhemos outra música, sucesso de Elis Regina:
‘Vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar. Água mole em pedra dura, mais vale que dois voando.
Se eu nascesse assim, pra lua, não estaria trabalhando.
Mas em casa de ferreiro, quem com ferro se fere é bobo, cria fama, deita na cama, quero ver o berreiro na hora do lobo. Quem tem amigo cachorro, quer sarna para se coçar, boca fechada não entra besouro, macaco que muito pula quer dançar’.
Viver não é fácil, dizem os mais pessimistas. A vida é dura para quem é mole, falam os mais otimistas, em ditado popular antigo. Não temos mais a segurança de antigamente, quando se podia ficar sentando nas calçadas até horas de noite, falam os mais nostálgicos. A violência aumenta a cada dia e é preciso matar os bandidos, pois ‘bandido bom é bandido morto’. É preciso que todo cidadão de bem tenha pelo menos uma arma, e essa fala é uma verdadeira propaganda eleitoral que rende muitos votos, de extremistas.
A política econômica do governo gera insegurança, é preciso investir em imóveis, quem sabe num lugar no campo, para fugir da violência da cidade. Terra é um investimento seguro. Será? E lembramos de outra música, sucesso nos anos 70:
‘Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
que nem vejo à minha frente, nada que me dê prazer. Sinto cada vez mais longe a felicidade, vendo em minha mocidade, tanto sonho perecer. Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde, pra plantar e pra colher, ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela, para ver o sol nascer
Às vezes saio a caminhar pela cidade, à procura de amizades, vou seguindo a multidão. Mas eu me retraio olhando em cada rosto, cada um tem seu mistério, seu sofrer, sua ilusão. Eu queria ter na vida simplesmente (…)’
Nada é totalmente seguro na vida. Não podemos ter certeza absoluta de nada, a não ser que um dia vamos morrer. Ou melhor que o corpo físico perderá as condições vitais, mas continuaremos vivos, acreditamos muitos. Ter uma condição financeira estável não é certeza de ser ‘bem de vida’, como diziam os antigos. Não viajar de avião ou andar de carro e nem mesmo nunca sair de casa, não nos livra, totalmente, de sofrermos acidentes. Um avião pode nos atingir, em casa, na rua, num ônibus. Grandes propriedades rurais ou pequenas, com casinhas brancas, em um lugar de mato verde, podem virar cinzas, destruídas por fogo, ou desaparecem , por tempestades.
É preciso saber viver, com força, coragem, fé, paciência e perseverança. Força no sentido de esforço de não se entregar às dificuldades. Coragem para não se deixar vencer pelo medo e preocupações, muitas vezes imaginando tragédias que nunca irão acontecer. Nada que não esteja na programação reencarnatória, acontecerá, e como diria um bordão de novela: ‘tudo que acontece de ruim e pra ‘miorá’. Fé, não necessariamente no sentido religioso, mas de confiança, otimismo, sem descuidar do realismo. Paciência para fugir da ansiedade prejudicial, mantendo-nos , saudavelmente, na certeza de que dias melhores virão. Perseverança no bem, no trabalho, que é toda ocupação útil, no desejo de viver, de servir na obra da criação, pois o Criador atende as criaturas, através das criaturas.
É preciso saber viver… e morrer, explicamos o título. Quem vive bem, ‘morre bem’, ainda que a vida e a morte pareçam sofridas.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução