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Caminhos do tempo

Somos os artífices dos nossos destinos. Essa verdade é constatada pela   observação do mundo que os cerca:

O aluno estudioso tira boas notas, passa por média e não se angustia com exames e repetências. Já o estudante preguiçoso está sempre envolto com notas baixas e reprovações. O profissional competente costuma ter mais clientes do que consegue atender.

Vagas que exigem maiores qualificações permanecem abertas por longos períodos, embora haja muitos desempregados. Sem dúvida, ninguém está livre de percalços. Uma pessoa inteligente e preparada pode ser surpreendida com desemprego ou momentos profissionais difíceis.

Faço essas reflexões iniciais, baseadas em texto da redação do Momento Espírita, antes de adentrar na crônica de José Luiz Ricchetti, compartilhada pelo amigo, colega de Banco do Brasil, com que trabalhamos em Caarapó- MS,  nos anos 80, Everton Ibargoyen Ribeiro,  da qual tomamos emprestado o título,  com adaptações no conteúdo, para reflexões sobre o caminhar do tempo em nossas existências:

‘Há um silêncio que chega com os anos, e ele não é feito apenas da ausência de ruídos, mas da transição suave entre o que éramos e o que nos tornamos.

Aos 60, começamos a sentir a sutileza do distanciamento. A sala que antes pulsava com suas ideias agora parece cheia de vozes que não pedem mais sua opinião. Não é uma rejeição, é o ritmo da vida. É quando aprendemos que nossa contribuição não está no presente imediato, mas nos rastros que deixamos nos corações e mentes ao longo do caminho.

Aos 65, percebemos que o mundo corporativo, outrora tão vital, é um fluxo incessante. Ele segue, indiferente ao que fizemos ou  deixamos de fazer. Não é uma derrota, é a libertação. Esse é o momento de olharmos  para nos mesmos, despirmo-nos do ego e vestirmos a serenidade. Não se trata mais de provar, mas de ensinar, de compartilhar, de ser mentor. A verdadeira realização não é a que se exibe, mas a que inspira.

Aos 70, a sociedade parece nos esquecer, mas será mesmo? Talvez seja apenas um convite para reavaliarmos o que realmente importa. Os jovens não nos reconhecerão pelo que fomos, e isso é uma bênção disfarçada: podemos ser nós mesmos, agora ser apenas quem você é. Sem máscaras, sem títulos, apenas a essência. Os velhos amigos, aqueles que não perguntam “quem você era”, mas “como você está”, tornam-se joias preciosas, diamantes que brilham no crepúsculo da vida.

E então, aos 80 ou 90, é a família que, na sua correria, se afasta um pouco mais. Mas é aí que a sabedoria nos abraça com força. Entendemos que amor não é posse; é liberdade. Nossos filhos, nossos netos, seguem suas vidas, como você seguiu a sua. A distância física não diminui o afeto, mas ensina que o amor verdadeiro é generoso, não exigente.

Quando a Terra finalmente nos chamar , não há motivo para medo. É a última dança de um ciclo natural, o encerramento de um capítulo escrito com suor, lágrimas, risos e memórias. Mas o que fica, o que realmente nunca será eliminado, são as marcas que deixamos nas almas que tocamos.

Portanto, enquanto houver fôlego, energia, enquanto o coração bate firme, vivamos intensamente. Abracemos os encontros,  desfrutemos os prazeres simples ou não da vida. Cultivemos amizades como quem cuida de um jardim. Porque, no final, o que resta não são as conquistas, nem os títulos, nem os aplausos, apenas os laços, os momentos partilhados, a luz que espalhamos. Sejamos luz, e seremos eternos. O tempo não se apaga.

E concluo ( Akino),  na condição de quem está na faixa dos 70,  para  reafirmar que somos artífices dos nossos destinos, e as condições em que chegaremos ao final da atual existência corpórea, inevitável nos caminhos  do tempo, vai depender  do que tenhamos feito da carga de energia vital que nos foi disponibilizada com tempo de duração variável para cada um, segundo as necessidades e compromissos assumidos antes do ‘ano zero’ da atual, em função do que fizemos nas anteriores, nos mundos físicos ou na erraticidade.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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