Recentemente, ouvindo a música dos Bee Gees, I Started a Joke, lembrei que um episódio marcante em minha atual existência, ocorrido em 1966, numa festa de igreja, chamada de quermesse.
Fazia parte desses eventos, leilões de prendas, assados e bingos e o som era de um serviço de alto falantes, fazendo a parte musical através de discos de vinil, em vitrolas, com um locutor/ animador, que anunciava as músicas, transmitia recados, lia ‘correio elegante’, mensagens de felicitações, algumas vezes com galanteios entre os ‘jovens paqueradores’.
Naquela quermesse, nunca esqueci, que ao anunciar a música acima citada, o locutor, querendo traduzir do inglês para o português, o título, disse: Agora vamos ouvir: ‘A história de João’. Só bem depois, soube que a verdadeira tradução de I Started A Joke é: Eu comecei uma piada.
Bons tempos de infância, adolescência e começo de juventude, no Bairro rural, Km 28, município de Alfredo Marcondes- SP, onde nasci, cresci e vivi até os 17 anos, quando vim para Mandaguaçu- PR, e de paulista, tornei-me paranaense por adoção, tendo sido por algum tempo, depois, em períodos diferentes, cearense de Icó, mato-grossense de Sinop, mato-grossense do sul, de Caarapó, paraense de Irituia, cidades em que moramos e trabalhamos, fora do Paraná, participando de outras festas e quermesses.
Mas afinal, qual a origem de quermesse? O termo “quermesse” vem da palavra flamenga kerkmesse, que significa “feira de igreja”. Kerk significa “igreja” e messe “feira”. Em francês, a palavra passou a ser kermesse. A quermesse é uma festa de origem católica, que pode ser realizada em qualquer época do ano, mas é mais comum em junho, em conjunto com as festas juninas. Serve para comemorar o aniversário da igreja ou homenagear o santo padroeiro da paróquia.
No norte e nordeste são eventos que costumam ser realizados ao ar livre, com barracas de comidas típicas, música, dança, jogos e leilões. Na maioria das vezes, buscam atender alguma causa solidária, direcionando o dinheiro arrecadado para uma ação comunitária.
Nas minhas andanças pelo Brasil, encontrei controvérsias sobre vender, ou não, bebidas alcoólicas ( cervejas, basicamente), mas na grande maioria das festas não havia restrições, obviamente seguindo a recomendação do ‘aprecie com moderação’. Quando não se vendia cervejas o sucesso financeiro, percebia-se, não era o mesmo.
De maneira resumida, podemos concluir que quermesse é uma festa católica, mas uma festa, como a chamada bodas de caná, citada pelos defensores da venda de bebidas alcoólicas,pela igreja, pois se Jesus, segundo narra o evangelista João,no que teria sido o primeiro seu primeiro milagre, transformou água em vinho e muitos não encontram explicação que justificasse a atitude , para embebedar, ainda mais, os convidados da festa que participava, não haveria nada de mal vender cervejas nas festas promovidas pela igreja.
Sobre aquela festa, consta que era a celebração de um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava ali, com ELE e seus discípulos. Como faltou vinho, Maria disse a Jesus o que estava acontecido, e todos conhecemos a passagem, causando surpresa entre os convidados pela qualidade do vinho servido depois, quando boa parte dos presentes já não estavam sóbrios.
Como as muitas parábolas do evangelho, podemos entender que o “vinho bom guardado até agora” são os ensinamentos de Jesus, superiores aos vindos de Moisés, que seria simbolicamente o vinho inferior. Até mesmo porque, e sem querer desmerecer, a humanidade daquela época não estava preparada para receber vinho de ‘qualidade padrão Jesus’, se assim podemos nos expressar.
Se quermesse é uma festa que visa arrecadar fundos para beneficiar entidades e os mais carentes , devemos fazer com que a existência no corpo físico, também seja festa,para ajudarmos uns aos outros, mudando da água para o vinho, com diz o ditado popular, tudo que pudermos melhorar.
Akino Maringá, colaborador
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