Foco tem a ver com a nossa capacidade de não perder de vista aquilo que realmente é importante. Trata-se de uma habilidade mental necessária para ter os resultados desejados – e isso vale para o trabalho, vale para os estudos, vale para os relacionamentos. Ou seja, foco é a capacidade de direcionar a atenção consciente para uma tarefa ou objetivo específico, enquanto se ignora o ruído de fundo ou distrações.
Mas há uma dimensão do foco frequentemente negligenciada: a habilidade de dizer “não” às distrações e às tentações que não alinham com nossos objetivos verdadeiros. Noutras palavras, ter foco não é apenas sobre selecionar as coisas certas; é igualmente sobre rejeitar as que não contribuem para alcançarmos nossos objetivos.
Para ilustrar, vou te contar uma histórinha. A Mariana é uma jovem determinada que quer se tornar advogada. Desde o ensino médio, sonhava em cursar Direito em uma renomada universidade. Seu plano estava claro e bem traçado: passar no vestibular, dedicar-se integralmente aos estudos e formar-se com honras. Tudo parecia estar indo conforme o planejado até que, no início do segundo semestre do curso, a Mariana recebeu uma proposta de emprego numa startup promissora.
O emprego oferecia um bom salário e oportunidades de crescimento rápido, mas o horário exigido era incompatível com a grade de aulas. Mariana se viu diante de um dilema: aceitar o emprego significaria reduzir suas horas de estudo e possivelmente comprometer seu desempenho acadêmico. Recusar o emprego, por outro lado, significaria abrir mão de uma experiência profissional valiosa e de uma fonte de renda considerável.
Após muita reflexão e discussão com familiares, a Mariana decidiu recusar a oferta de emprego.
Ela fez o certo? Difícil dizer. A oportunidade de trabalho era realmente muito boa. Mas ela corria o risco de ter que trancar o curso de Direito. O curso sempre foi o sonho dela. Talvez a startup abriria para ela outras boas possibilidades profissionais, mas o Direito poderia ficar para trás. A escolha da Mariana foi feita com base no seu propósito.
Gente, quando não sabemos o que queremos, navegamos sem destino, como barcos à deriva, indo do nada para lugar nenhum. Viver sem um objetivo claro é viver errante, movendo-se sem propósito ou direção. Mas ter clareza sobre nossos desejos é apenas metade da equação. Igualmente importante é saber o que não queremos. A Mariana tinha uma ótima oportunidade profissional, mas não era o sonho dela. Por isso, disse não.
Dizer não às distrações não é apenas uma medida defensiva; é um ato de autoafirmação. É reconhecer que nem toda oportunidade vale a pena, que nem toda atividade, por mais empolgante que seja, merece nosso tempo, especialmente quando não tem a ver com nossos valores ou com os objetivos que definimos.
Dizer não requer coragem, especialmente quando o que rejeitamos é atraente ou popular. Pode ser um projeto adicional no trabalho que, embora interessante, nos afastaria de nossos objetivos de longo prazo. Pode ser um convite para um evento social que, embora divertido e alegrador, nos custaria um tempo precioso que poderia ser melhor investido em nossas prioridades pessoais.
Em cada decisão, ao escolher o que deixar de fora, definimos mais claramente o contorno do que realmente importa para nós. A experiência da Mariana, embora seja ainda uma pessoa jovem, demonstra maturidade, clareza de propósito. A decisão dela ilustra a importância de conhecer profundamente nossas verdadeiras aspirações e de sermos capazes de fazer escolhas difíceis.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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