No último sábado assisti uma palestra sobre gratidão, sob a ótica da doutrina espírita, e foi o mote para trazermos aos leitores do Jornal do Povo e Blog do Rigon, um convite a refletirmos, nesses tempos em que os moradores do RS, atingidos por uma grande catástrofe, dizem serem gratos por terem a graça de conservarem a vida, após perderem tudo em bens materiais, e vivendo das ajudas, que proporcionam, grátis, o que comerem, beberem, e onde terem abrigo.
A palavra gratidão vem do latim gratus, que significa agradecido, ou gratia, que tem o mesmo sentido das palavras graça, bênção e dádiva. Sendo assim, gratidão significa o reconhecimento das coisas boas que existem na vida. Ser grato é reconhecer o que também não enxergamos.
Reflitamos sobre um resumo de texto da Revista Reformador, que retrata gratidão em contraposição a reclamação:
‘Vida, natureza, família, semelhante, trabalho, chefe, prova, expiação, dor, sofrimento, enfermidade, saúde, amigo, inimigo, alegria, tristeza, situação financeira são exemplos dos motivos para gratidão ou reclamação de nossa parte. Qualquer coisa pode ser razão para agradecer ou reclamar, a depender do ponto de vista.
Costumamos reclamar: Quando chove, reclamamos do mau tempo, quando faz sol, porque está quente. Quando é noite, gostaríamos que fosse dia, quando é dia, nos incomodamos pelo desejo de que a noite chegue logo. (…) Poderíamos continuar escrevendo uma página ou um livro inteiro elencando motivos de reclamação ou exemplos práticos de sua ocorrência.
Vamos fazer o contrário? Agradeçamos por tudo. Até pela dor que nos atinge profundamente. Segundo Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier, “a dor é um constante convite da vida, a fim de que aceitemos uma entrevista com Deus. “Quando tudo está bem, tendemos a nos esquecer do agradecimento.
Joanna de Ângelis, a psicóloga espiritual e guia do médium Divaldo Franco, alerta que a “reclamação é perda de tempo”. Realmente, quem reclama está perdendo a oportunidade de agradecer, de fazer algo útil na existência. Aquele momento de reclamação não nos leva a resultado efetivo, então, poderia ser absolutamente dispensado sem que fizesse falta alguma. É importante, sim, avaliarmos para melhorar o que for indispensável à caminhada evolutiva.
Vamos exercitar o silêncio quando a vontade de reclamar visitar os escaninhos da mente, provocando-nos para ações menos recomendáveis. Reclamar é feio, denota falta de educação, e, dependendo de como a atitude é manifestada, ausência de respeito para com o semelhante e, sobretudo, ingratidão para com Deus.
A reclamação reflete postura de orgulho, ao passo que a gratidão é resultado de atitude humilde. A reclamação nos fecha para a sintonia com o auxílio superior, a gratidão facilita a sinergia com aqueles que aspiram à harmonia e ao equilíbrio dela decorrente.
A gratidão é um ato que transparece a divindade existente em cada um de nós. Já a reclamação é de nossa responsabilidade, sobre a qual deveremos prestar as devidas contas no momento em que a lei de causa e efeito nos requisitar para uma entrevista com Deus. Se analisarmos detidamente, chegaremos à conclusão de que a vida nos oferece muito mais motivos para agradecer do que para reclamar.
Voltando à tragédia no RS, embora pareça egoísmo, agradeçamos por vivermos em locais seguros, longe de rios, sem risco de transbordamentos. Pela oportunidade de ajudarmos e não precisarmos de ajuda, lembrando que nada é grátis ou de graça vindo dos governos.
Nem na pandemia ou agora, nem o ex e o atual presidente, deram nada, e não precisam ser endeusados por auxílios emergenciais, compra de vacinas, como muitos costumam fazer. Mas observemos os governantes quem têm empatia, demonstram sentir as dores dos outros, não se escudando em expressões que revelam falta de comprometimento com os problemas, aproveitamento ou omissão nas desgraças. Que trabalhem !
Ajudemos de graça e a gratidão deve ser grátis.
Akino Maringá, colaborador
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