O conceituado jornalista Messias Mendes publicou que o gaúcho José Lutzenberger foi um dos maiores ambientalistas brasileiros de todos os tempos, e antes de morrer, em 2002, escreveu uma crônica dizendo que gostaria de voltar à terra a cada 50 anos para ver os estragos que a natureza faria no seu Rio Grande do Sul, decorrentes do pouco apreço que o homem tinha para com o meio ambiente. Lutzenberger era um crítico ácido do uso indiscriminado de defensivos agrícolas e das ocupações desordenadas, e às vezes criminosas, dos espaços físicos nos centros urbanos.
Ele sempre disse, continua Messias, que do jeito que as autoridades públicas ignoravam a necessidade de preservação de vales e encostas, com o devido respeito às bacias hidrográficas, um dia a natureza cobraria o preço, e quem pagaria seria a população desavisada e despolitizada, que confundia com desenvolvimento urbano a destruição dos nossos biomas.
Com essas informações, iniciamos as reflexões sobre o flagelo destruidor que atinge o estado do Rio Grande do Sul, com as maiores enchentes da sua história, segundo especialistas, tentando entender as causas de tanta destruição:
Segundo o analista de clima e meio ambiente , Pedro Cortês. O estado gaúcho foi “atacado” por frentes frias vindas do sul do continente, mas que não conseguem progredir devido a uma zona de alta pressão no centro do Brasil, funcionando como uma “muralha”.Essa mesma zona de alta pressão desvia a umidade do Oceano Atlântico para o Rio Grande do Sul pelo leste e pela Amazônia, entrando pelo oeste. Assim, recebe umidade de todas as direções, enquanto a frente fria não consegue escapar.
Esses fatores, aliados à topografia de região, digo eu, formam, com as causas de natureza da intervenção humana que explicam as tragédias que atingem tantas pessoas.
Mas e do ponto de vista religioso, considerando a crença em Deus, que é soberanamente bom e justo, haveria alguma explicação?
Buscamos na Doutrina Espírita, nas questões 737 e seguintes do Livro dos Espíritos, capítulo que trata de Flagelos destruidores, subsídios para refletirmos:
Kardec perguntou: Com que fim fere Deus a humanidade por meio de flagelos destruidores? E os Espíritos Superiores assim responderam: “Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.
Têm os flagelos destruidores utilidade do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?“Têm, mudam, por vezes, as condições de uma região. Mas em muitos casos o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.
Muitos sucumbem nessas ocasiões, tanto o homem de bem como o perverso. Mas a vida do corpo bem pouca coisa é, e um século do nosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Os corpos são meros disfarces com que aparecemos no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos ou perdidos. Mas o general se preocupa mais com a vida de seus soldados do que com os uniformes deles.
E para concluir, embora conste que seria castigo Divino o que está acontecendo no RS, com grandes prejuízos econômicos, e o mais grave, mortes físicas, é certo que em tudo a intervenção ou falta de, do próprio homem é a causa.
Que sejam bem aproveitados os recursos destinados à recuperação do que foi destruído e prevenção de novos flagelos
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução