Fé, segundo o dicionário, é um sentimento de crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa. A fé é um dos mistérios do planeta. É a forma como cada um de nós enxerga a verdade.
O Apóstolo Paulo ensinou que fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêm. No contexto religioso, a fé é uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião. Ter fé em Deus é acreditar na sua existência e na sua onisciência. A fé é também sinônimo de religião ou culto. Por exemplo, quando falamos da fé cristã ou da fé islâmica.
Fé é um sentimento que comporta entendimentos diferentes. Examinando o capítulo XIX do Livro O evangelho segundo o espiritismo, reconhecemos no pensamento de Allan Kardec, três significados distintos:
Como crença consiste em acreditar em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Para o espiritismo, a fé nos faz crer na existência de Deus, que somos uma Alma, que sobrevive após a morte, quando passa a ser chamada de Espírito. Que o Espírito tem a possibilidade de se comunicar os vivos e reencarna em outro corpo, e que há pluralidade de mundos habitados. Tudo isso, ainda que não haja ‘comprovação científica’, segundo os contrários.
Examinando a fé como crença, Kardec concluiu que, ela pode ser raciocinada ou cega. Fé cega é aquela que tudo admite, até mesmos os maiores absurdos, como a ressuscitação de um morto, a abertura do mar vermelho ou alguém passar dias no estômago de uma baleia. A fé raciocinada, lembra, o codificador da doutrina espírita, é aquela que pode encarar a razão face a face.
A fé, como confiança, é a que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de modo que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Essa fé, quando sincera e verdadeira, é sempre calma, faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.
Por exemplo, um pai de família perde o emprego e não possui reservas para mantê-la, via de regra será tomado por sentimentos de medo, angústia, insegurança, preocupação e até mesmo desespero ou revolta. A existência da fé dá ao indivíduo a serenidade esperançosa, decorrente da absoluta confiança na Providência Divina.
E finalmente encontramos em uma mensagem que consta do capítulo XIX do ESE, em que o autor espiritual define fé como a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Segundo ele, a fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, nas pequenas e nas grandes coisas. Essa dimensão da fé pode ser classificada, pensa o autor que ditou a mensagem, em fé humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras.
O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação.
E conclui : Se os seres humanos, na Terra, se achassem convictos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que se consideraram prodígios e que, no entanto, não passam de um desenvolvimento das faculdades humanas.
Vós sois deuses,(com ‘d’ minúsculo) disse Jesus, concluo eu.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução