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O que os pais devem fazer quando o filho quer desistir da faculdade?

Hoje vamos abordar um tema que toca muitas famílias: o desafio de lidar com filhos que querem desistir da faculdade para seguir outro curso. Há também casos em que o filho ou filha quer desistir e nem sequer tem a intenção de fazer uma faculdade. O negócio é tenso. Mas falamos sobre isso noutro momento…

Graças a Deus, já passei desta fase. Meus filhos estão formados. Agora é com eles. Mas sei que a situação é difícil; como pai e professor universitário, conheço bem essa realidade.

E, hoje, trato do assunto, porque uma de nossas leitoras me pediu ajuda. Ela tem a filha cursando Odontologia. Está no quinto período – ou seja, já fez praticamente metade do curso. E a moça agora quer desistir para fazer Nutrição. Esta mãe deseja saber como agir.

Bem, eu não tenho uma resposta específica para ela. Tenho dito várias vezes que ninguém de fora reúne as condições necessárias para falar sobre um problema que diz respeito ao outro. O que a gente faz é oferecer perspectivas…

Primeiro, é importante reconhecer que a escolha da faculdade ocorre muito cedo, entre 16 e 18 anos no Brasil. Ainda falta vivência para uma decisão tão impactante.

Vale lembrar que o jovem de hoje chega nesta fase de escolha geralmente sem uma experiência real de trabalho. Anos atrás, era comum o garoto, a garota optar por um curso que, de alguma maneira, potencializasse a carreira que ele já tinha iniciado. Ou algo que estivesse mais próximo de sua realidade…

Aqui entra um outro ponto. Hoje, há grande expectativa em torno da escolha do curso. No entanto, é essencial entender que a experiência profissional pode ser diversificada e que mudanças de carreira são comuns no mundo atual.

O curso escolhido é só uma possibilidade profissional. Não determina o que somos ou seremos. Mudamos ao longo da vida. Interesses e paixões podem mudar, e isso não é um sinal de fracasso.

Outro ponto: os pais devem evitar impor suas próprias expectativas e preferências. Respeitar as afinidades e gostos pessoais do filho é essencial para o seu desenvolvimento e felicidade. Muitos pais criam uma pressão absurda e desnecessária sobre os filhos.

Os pais conhecem os filhos e, por isso, vale fazer considerações sobre afinidade. Minha filha, por exemplo, durante o Ensino Médio, falava em cursar História. Ela realmente gosta de História, mas não consigo vê-la com perfil para ser professora, pesquisadora ou algo do tipo. Por isso, várias vezes, perguntei para ela: você se vê como professora?

Há outro ponto: por mais que um curso tenha certo potencial para uma carreira mais rentável, e isso possa até ser comentado em casa, a escolha deve respeitar os gostos, afinidades pessoais do filho, da filha.

Para finalizar… E a questão da desistência que nossa leitora questionou?

Eu digo o seguinte:

Quando um jovem decide desistir de um curso, é fundamental considerar todos estes aspectos que citei. É preciso ter consciência do amplo contexto em que o filho e a família estão inseridos. Há muitas variáveis. E, assim, os pais devem garantir espaço para diálogo e agirem com empatia.

Porém, os pais devem encorajar a responsabilidade e a autonomia; e lembrar que o jovem deve assumir as consequências de suas escolhas, incluindo as financeiras.

Se o seu filho/filha está considerando desistir de um curso, seja transparente sobre as implicações dessa decisão. Não se trata de punição, mas não aceite que o filho ou filha viva a condição do nem-nem (nem estuda e nem trabalha).

O filho/a que chegou à maioridade geralmente já namora, dirige, decide onde ir… Mas está trabalhando? Está pagando as próprias contas? Ajuda a família? É preciso assumir responsabilidade – isto é vida adulta.

É cômodo mudar de faculdade e continuar vivendo às custas dos pais. Eu sei que tem várias famílias com recursos para bancar os filhos, mas a maioria tem limitações financeiras. E, além disso, mesmo quando o problema não é dinheiro, faz parte do processo de educação conduzir os filhos para se tornarem maduros e compreenderem o significado real de autonomia.

Também mostre as vantagens de concluir o curso que já foi iniciado. Às vezes, falta pouco… E é muito melhor terminar e, depois, começar uma segunda faculdade do que continuar sem um curso superior.

O conhecimento obtido nunca é desperdiçado e pode representar um diferencial competitivo no mercado de trabalho.

Enfim, para esta mãe e outras famílias que enfrentam cenário semelhante, sejam cuidadosos, amorosos e avaliem todo o cenário. Mas também cobrem de seus filhos que assumam suas responsabilidades.

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação

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http://blogdoronaldo.wordpress.com

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