Muitos pais, por serem filhos da ditadura militar e de um modelo de família patriarcal e autoritário, tentam opor-se ao modelo por eles vivido, instalando em seus lares um outro tipo de ditadura: ’o da liberdade total’.
Ao promoverem para seus filhos, o que eles próprios não viveram, acabam oferecendo coisas e um espaço decisório que é incompatível com a faixa etária das crianças, e estas ao perceberem este espaço de liberdade e de poder de decisão acabam não compreendendo bem o funcionamento do mundo e têm dificuldades para valorizarem determinadas ‘conquistas’, que em verdade, são de seus pais. As crianças acabam perdendo alguns referenciais de limites importantes para o equilíbrio familiar e social.
Se por um lado a educação violenta e repressiva pode formar adultos inseguros e com baixa estima, por outro lado, a sem limites ou restrições forma crianças egocêntricas e autoritárias, que ditam o funcionamento da casa na base do: ‘Agora vou fazer isso! …
É fundamental para o bom desenvolvimento da criança, ter conhecimento de que seus pais se importam com ela, do que é ela, de que ela é amada por eles, de que a casa é habitada por outras pessoas que têm vontades, temperamentos específicos, gostos diferenciados e , fundamentalmente, de que os pais se cansam, ficam tristes e às vezes choram. Ao reconhecerem seus pais como individualizados e que, no contexto social, não são apenas seus pais, vão aprendendo a identificá-los, a diferenciá-los e até admirá-los.
A educação que não impõem limites e não descortina diferentes papeis na sua pauta de direitos e deveres, traz por consequência, crianças inconsequentes e que não percebem a si mesma ou nem “a que vieram”.Com a criança invasiva é difícil lidar, e ela tende a tornar-se um adolescente difícil para consigo mesmo e para com os outros.
Explicar para criança e para o jovem o porquê das coisas, vivenciar o cotidiano com eles recomeçar as explicações e , se necessário, usar exemplos análogos que habitam seu mundo, os ajudará a construir um código ético/moral, porém, não esquecer que tanto a criança quanto o adolescente têm um poder de decisão que está limitado ao seu tempo de experiência, seu nível de responsabilidade, sua autonomia, sua maturidade cognitiva e emocional. Muitas vezes, eles não conseguirão alcançar a longevidade do raciocínio. Nesse caso, os pais não devem deixar de decidir por eles.
Que essas observações, da escritora Isabel Parolin, sirvam para que nós, pais, avós, tios,… reflitamos sobre o nosso papel como modeladores da personalidade desses seres que renasceram sob nossa responsabilidade.
E para finalizar, falemos da ditadura militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985, que para uns foi apenas uma intervenção militar, que muitos sonharam, reclamaram, exigiram e trabalharam para que acontecesse após do resultado da última eleição presidencial.
Segundo o site https://brasilescola.uol.com.br/, sob o argumento de evitar uma ditadura comunista, no período da Guerra Fria, as Forças Armadas brasileiras realizaram um golpe de Estado em 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Eleito como vice-presidente em 1960, Jango (como era conhecido) havia assumido o poder após a renúncia de Quadros, em 1961.”
“Defendida pelos militares como uma ação revolucionária, pode ser caracterizada como um regime civil-militar, uma vez que contou com a participação de setores do empresariado , principalmente os ligados aos grandes bancos e federações industriais do país.
Foi marcada pela extrema violência com a qual foram combatidos os opositores do regime. Prisões arbitrárias, torturas, estupros e assassinatos aconteceram pelas forças militares e policiais no país. Desde o primeiro momento, direitos políticos foram cassados, instaurando-se ainda uma rígida censura aos meios de comunicação e à expressão literária e artística da população.”
Akino Maringá, colaborador
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