Início Policial Justiça do Paraná aceita reabrir o caso Evandro 31 anos depois

Justiça do Paraná aceita reabrir o caso Evandro 31 anos depois

Haverá um novo julgamento já em setembro, conforme decisão da 1ª. Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado.

O novo julgamento deve acontecer a partir de 14 de setembro, conforme decisão do TJ-PR, que autorizou a reabertura do caso do desaparecimento do garoto,  morto em um ritual de magia negra em Guaratuba, litoral paranaense. A principal suspeita de mandar sequestrar Evandro para submetê-lo ao ritual macabro era a então primeira dama do município Celina Abagge e sua filha Beatriz.

O pedido de revisão criminal foi feito pela defesa dos réus Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro com base de áudios, que indicam uma provável tortura cometida por autoridades policiais contra os acusados.

Os primeiros áudios continham confissões do crime e serviram de base para as condenações. O jornalista Ivan Mizanzuk, que investigou o Caso Evandro por anos e o transformou em podcast e série documental da Globoplay, obteve versões inéditas das fitas mostrando a tortura. Outra acusada do caso, Beatriz Cordeiro Abagge, teve o mesmo pedido negado pela 2ª Câmara Criminal do TJPR em março deste ano. Porém, os advogados dela vão pedir que ela seja incluída na mesma revisão criminal.

Evandro Caetano, de 6 anos, desapareceu em abril de 1992, em uma época em que várias crianças sumiram na região, gerando um clima de pânico social. Sua mãe permitiu que ele fosse sozinho à escola, a 150 metros de sua casa. Cinco dias depois, o corpo da vítima foi encontrado com mutilações e sem as vísceras e órgão internos.

A Polícia Civil e o Grupo Águia da Polícia Militar do Paraná seguiram uma linha de investigação levantada por um ex-investigador de polícia, desafeto político dos Abbage, que apontou Celina, então primeira-dama da cidade, sua filha Beatriz e outras cinco pessoas como autores do crime em um ritual de sacrifício. Os acusados passaram a ser conhecidos como “bruxos de Guaratuba”.

Os sete acusados foram denunciados por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver pelo MP do Paraná. Foi acatada a tese da investigação de que a criança teria sido utilizada em um ritual de magia negra para obtenção de benefícios materiais junto a espíritos satânicos.

Julgamento e condenações

O primeiro julgamento de Celina e Beatriz, em 1998, durou 34 dias e é o mais longo da história da Justiça brasileira. No veredicto elas foram consideradas inocentes, mas o júri foi anulado um ano depois. Em maio de 2011, dois dos acusados, Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos, foram absolvidos e os demais foram condenados. Celina, então com mais de 70 anos, não foi a julgamento devido à prescrição do crime.

Em 2018, o jornalista e professor universitário Ivan Mizanzuk investigou o caso e conseguiu os áudios originais do interrogatório das vítimas, expondo falhas na investigação e indícios de que a confissão dos acusados foi arrancada sob tortura. As descobertas foram descritas no podcast Projeto Humanos, de Mizanzuk, e serviram de base para o pedido de revisão criminal do caso.

Bem Paraná
Foto – Reprodução

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