O individualismo, a intolerância, o medo e a desconfiança, nos fazem construir cercas de proteção ao nosso redor.
No Brasil, a forma autoritária e odienta que prevaleceu nos últimos tempos, com estímulo da política do ‘nós contra eles’, preconceituosas posições, a pretexto da defesa da pátria e da família, envolvendo a religião com uso indiscriminado do nome de Deus, muitas vez de maneira vã, criou ‘cercadinhos’, e todo tipo de barreiras entre os compatriotas que pensam diferente.
Será que em vez de cercas, não seria o caso de construirmos pontes? Reflitamos, a partir do texto a seguir:
“Conta-se que, certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito.Foi a primeira grande desavença em toda a vida trabalhando lado a lado, repartindo ferramentas e cuidando um do outro.
Durante anos eles percorreram uma estrada estreita e muito comprida, que seguia ao longo do rio para, ao final de cada dia, poderem atravessá-lo e desfrutar da companhia um do outro. Apesar do cansaço, faziam a caminhada com prazer, pois se amavam.
Agora tudo tinha mudado.O que começara com um pequeno mal entendido, explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio e o rompimento da relação entre os dois.
Numa manhã, o irmão mais velho foi visitado por um carpinteiro que procurava serviço. Sim, disse o fazendeiro, tenho um serviço.
Veja aquela fazenda além do riacho. É do vizinho. Na realidade, meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso suportá-lo, não quero mais vê-lo. Preciso que construa uma cerca bem alta, ao longo do rio. Tenho madeira e pregos suficientes para a obra.
Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro,farei um trabalho que vai muito vai agradá-lo.
Como precisava ir à cidade, ajudou o carpinteiro a encontrar a madeira e pregos e partiu. O homem trabalhou arduamente durante todo aquele dia, medindo, cortando, e pregando. Já anoitecia terminou a obra.
O fazendeiro chegou da viagem e seus olhos mal podiam acreditar no que viam.Não havia cerca. Em vez disso uma ponte que ligava as duas margens do riacho. Era realmente um belo trabalho, mas o deixou enfurecido e falou: Você foi muito atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei.
No entanto, as surpresas não haviam terminado. Ao olhar novamente para a ponte, viu seu irmão aproximando-se da outra margem, e correndo com os braços abertos.Por um instante permaneceu imóvel de seu lado do rio. Mas,de repente, num impulso, correu na direção do outro e abraçaram-se chorando, no meio da ponte.
A mensagem que fica dessa história, publicada pela equipe de redação do Momento Espírita, no site da Federação Espírita do Paraná, nos leva a algumas reflexões: Será que não estamos precisando de um carpinteiro, ou somos capazes de construir nossas própria pontes para reaproximarmos daqueles com os quais rompemos contato?
As pessoas que estão ao nosso lado, não estão ali por acaso. Há uma razão muito especial para elas fazerem parte do nosso círculo de relação. Por isso, não busquemos o isolamento construindo cercas que tanto separam e infelicitam os seres, especialmente se as cercas foram construídas por desavenças de opiniões políticas , o que parece tão infantil que é inacreditável.
Construamos pontes e busquemos caminhar na direção daqueles que por ventura estejam distanciados de nós. E se a ponte da relação está um pouco frágil, ou balançando por causa dos ventos da discórdia, devemos fortalecê-los com os laços do entendimento e da verdadeira amizade.Agindo assim, supriremos nossas carências afetivas e encontraremos a paz íntima que tanto desejamos.
Que caiam as cercas que separam os brasileiros, em virtude das disputas entre bolsonaristas e petistas, como caiu “muro de Berlim”.
Que não haja ‘cercadinhos’ a nos separar, mas as pontes da amizade, respeito, amor, fraternidade, com laços mais fortes para a democracia.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução