Durante o mandato, como presidente, Jair Bolsonaro, em algumas oportunidades usou um palavreado, digamos, inadequado, considerando a liturgia do cargo, e ele mesmo reconheceu em entrevista no último dia 12 de outubro, em plena campanha à reeleição.
“Alguns não votam em mim dado meu comportamento que, por vezes, exagero, sou um pouco agressivo nas palavras, isso vem de nossa indignação, eu peço desculpas a essas pessoas. O que está em jogo aqui não são esses deslizes por parte do presidente, que falou um palavrão.
Antes, a primeira-dama, em (6/10), durante reunião no Palácio da Alvorada, disse: “Perdão a todos pelos palavrões do meu marido, também não concordo, mas ele é assim”.
A propósito de palavrões, vejamos um texto que ressalta: Está se tornando comum o palavrão. A pouco e pouco, palavras de baixo calão vão sendo incorporadas ao vocabulário. Foi-se o tempo em que era utilizado pelas pessoas ditas de má educação. Políticos se permitem utilizá-lo para defesa das suas ideias ou para a própria defesa.
O teatro foi inundado por artistas que fazem dos palavrões meios de comunicação. Tudo em nome de uma pretensa arte. A televisão exibe cenas de violência e sexo, manipulando gestos e palavrões. As empresas públicas, que exploram a telefonia, permitem que, com o simples discar de um número, se ouçam piadas maliciosas e se aprendam mais alguns palavrões.
Atores e atrizes não se limitam a dizer piadas fortes. Vão além. Fazem também gestos agressivos. E o pior: o público aplaude. Como se ouvissem frases de efeito que encerrassem uma filosofia ou um ensinamento.
Pais ensinam aos filhos os palavrões. E as ocasiões para os utilizar. Para ofender os brios de alguém. Para irritar simplesmente. Ou só para desabafar. Observamos como a linguagem vai se tornando grosseira, grotesca.
Com a filosofia espírita aprendemos entre os Espíritos, como entre os homens, a linguagem é sempre um indicativo de qualidade moral e intelectual.
Na questão da palavra, Jesus foi enérgico: Aquele que disser a seu irmão: “Raca, merecerá condenado pelo conselho. Aquele que lhe disser: és louco, merecerá o fogo do inferno.” Raca, entre os hebreus, era um termo desdenhoso. Significava homem que nada vale. Era pronunciado cuspindo e virando-se para o lado a cabeça.
Ao afirmar que mereceria o fogo do inferno, o que significa intenso sofrimento, Jesus vai bem longe. Como pode uma simples palavra, louco, se revestir de tanta gravidade que mereça tão severa reprovação?
É que toda palavra exprime um sentimento e vai carregada de vibração correspondente. Desse modo, uma palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade. Constitui um golpe desferido na fraternidade.
Quando vemos nossa infância e juventude absorvendo tão rapidamente os palavrões, esquecendo as verdadeiras denominações dos objetos, lamentamos.
Alguns defendem o retorno aos antigos métodos repressores. Da pimenta na boca, palmada nos lábios à censura ostensiva em todos os veículos de comunicação.
A repressão, e agressão não resolvem o problema. Existem sempre os que afirmam que a lei existe para ser violada. O problema é, pois, de educação. Educação do pensamento para uso da palavra devida.
A boca fala do que está cheio o coração. A boca expressa os sentimentos. A ideia é uma força criadora e nossas palavras aderem a ela elaborando formas e coisas.
De maneira simbólica, podemos comparar a palavra ao ferro gusa. Após escorrer do forno da nossa mente se solidifica nos trilhos, bons ou maus, sobre os quais o comboio da nossa existência seguirá.
Este texto, do site Momento Espírita, nos estimula a que habituemo-nos a falar o bem. Que não incorporemos ao próprio vocabulário expressões de cunho malicioso ou grotesco, vigiando o pensamento, buscando uma boa leitura.
Alimentemos a mente e o coração com o que é belo e bom. A palavra tem vida. Cuidemos da educação de nossos filhos e netos, ensinando-lhes, o não uso de palavrões.
Akino Maringá, colaborador
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