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Keep calm

Ao longo da habitual caminhada ao sol, fui pensando na crônica que poderia escrever em véspera de eleição. A resposta veio logo. Numa esquina, enquanto aguardava o sinal para atravessar a avenida, li uma frase na camiseta de um jovem que estava ao lado: “Keep calm”.

   Pronto… é isso aí – “Mantenha a calma”. Falar de política, tudo bem. É necessário e bom. Mas ninguém precisa brigar com ninguém por eventual antagonismo partidário. Além disso, logo-logo voltaremos todos à rotina e nos concentraremos na Copa do Mundo. 

     Continuei a caminhada. Parei em frente à Açucapê para abraçar dois amigos que ali batepapeavam. Um deles apoiador ferrenho do Lula, outro ferrenho apoiador do Bolsonaro. Discutiam?… Que nada. Um tirava sarro do outro na maior descontração. Acabei testemunhando a aposta que fizeram: almoçarão juntos num dia qualquer após o pleito e quem perder a eleição pagará a conta.

     Amigos, amigos; partidos à parte. Política se assemelha ao futebol. Eleitores, como os torcedores, esquentam a cabeça, se desaforam, chegam às vezes a ficar de mal; políticos, como os jogadores, se xingam, chegam às vezes a trocar caneladas, mas depois da peleja se abraçam, trocam camisas, pedem desculpas pelos maus modos e no fim fica tudo em paz.

    Portanto, keep calm. Cabeça fria. Pode ser que na sua família alguns votem num candidato e outros no candidato oposto. O mesmo pode acontecer no seu local de trabalho ou de estudo, no clube, no grupo de oração, no grupo de whatsApp. Mas e daí? Cada um na sua. Cada qual responsável pela escolha que faz. Democracia é assim.

     Lembro-me com saudade dos bons tempos em que atuei profissionalmente em jornais e revistas – na “Tribuna de Maringá”, no “O Jornal e Maringá”, na “NP”, na “Folha do Norte”.

     Na “Folha” trabalhei por 12 anos, bem na época em que a política brasileira se dividia acirradamente entre Arena e MDB. Mas as duas bandas circulavam tranquilamente em nossa redação. Com frequência lá se encontravam, tomando juntos o nosso cafezinho, Paulo Pimentel e José Richa, Renato Celidônio e Haroldo Leon Peres, João Paulino e Said Ferreira, Túlio Vargas e Adriano Valente, Luiz de Carvalho e Walber Guimarães, José Cassiano e Horácio Raccanello, Silvio Barros (pai) e Jorge Sato, Renato Bernardi e Gabriel Sampaio, Antônio Facci e Tadeu França. Eles brigavam nos palanques, mas ali na intimidade pareciam todos colegas de infância.

     Keep calm, gente. Eleição não é rinha. Vá ver, por exemplo, como eles se relacionam no Congresso Nacional. Na tribuna, tem-se a impressão de que um quer agarrar o outro pelo colarinho. Terminada a sessão, vão todos tomar cafezinho ou jantar juntos numa boa.

     Bons votos. Paz e luz. Keep calm.

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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