A live que foi produzida de dentro de uma cela abarrotada mostra vários detentos reclamando das condições do presídio e alertando que o sistema está criando monstros.
A primeira transmissão, feita por volta das 18h de quinta-feira mostra vários detentos com rostos cobertos na mesma cela. Um deles começa explicando que todos ali são detentos da cadeia pública de Sarandi e pretendem mostrar o que enfrentam no dia a dia. “O que nós passamos aqui dentro é desumano, é fora de cogitação reabilitar qualquer ser humano. Nós viemos aqui, jamais num gesto de tumulto, mas num gesto de socorro para mostrar tudo aquilo que passamos dentro da comarca de Sarandi. Nós não estamos sozinhos. Todo mundo que está aqui tem família, tem esposa, filhos, pai… Todo mundo aqui é ser humano igual a todos que estão lá fora. Nós erramos e estamos aqui pagando nossos erros. Não estamos fugindo e não queremos caviar e nem vida boa, queremos pagar nossas penas com dignidade”.
Segundo o coordenador regional do Departamento de Polícia Penal do Paraná, Luciano Brito, a transmissão foi feita após o Deppen frustrar uma fuga na cadeia de Sarandi. Para o coordenador, “os presos estão revoltados com as constantes revistas”. No entanto, Brito admite que há superlotação e este é um problema grave, que afeta todo o sistema prisional do interior do Estado. Porém, ele assegura que parte do problema deverá ser solucionado com a inauguração da penitenciária de Guaíra. “Em alguns aspectos os presos tem razões em suas reivindicações, mas na maioria dos casos eles estão é querendo chamar a atenção, se apresentar como vítimas, o que na verdade não são”, disse Brito em entrevista a uma emissora de TV local.
Uma das queixas dos presos é que muitos ali já estão condenados, deveriam estar cumprindo suas sentenças em penitenciárias mas enquanto isto não acontece eles são obrigados a aguardar em presídios precários. Eles se queixam também de maus tratos e falta de assistência médica para o que estão com problemas de saúde. Na live realizada com o perfil de Rian Silva, os presos reclamam da falta de médico e da dificuldade de acesso a produtos alimentícios que seus familiares levam para eles.
Vários detentos falam na live, alguns dizem frases desconexas, mas no geral a reclamação é uma só: “ Nessa unidade aqui é a maior pressão. Não tá tendo médico, não tá tendo visita, a sacola tá sendo roubada por Jeck, que tá saindo aí fora, comendo as coisa nossa, que a nossa visita vem ai e pega . Não tá nada certo esta situação aí não, mano”. Um presos chega a falar de tortura: “Chefe de segurança vem diariamente oprimindo, torturando. Tamo vivendo num ambiente aí desumano e dessa forma aí tá formando monstro. Nesse momento a cadeia tá um barril de pólvora”.
Redação JP
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