Lewis Hamilton venceu um duelo com Max Verstappen no confuso GP da Arábia Saudita e empatou com seu rival no campeonato.
Foi o terceiro triunfo consecutivo do britânico, que agora tem exatamente o mesmo número de pontos do holandês antes da etapa decisiva em Abu Dhabi no próximo fim de semana.
Porém, isso é só uma parte da história, já que houve duas bandeiras vermelhas, quatro períodos de safety car virtual, fúria no pitwall, táticas polêmicas e uma investigação ainda pendente de ambos os pilotos.
Saindo na pole pela 103ª vez em sua carreira na Fórmula 1, Hamilton não poderia ter desejado uma largada melhor, particularmente porque seu companheiro de equipe Valtteri Bottas conseguiu se manter à frente de Verstappen.
Nas nove primeiras voltas, a corrida estava nas mãos da Mercedes, com Bottas pedindo pelo rádio “um pouco mais de espaço” para Hamilton a fim de ter uma margem sobre Verstappen, e o britânico respondeu imediatamente com a volta mais rápida.
Porém, a prova mudou totalmente quando Mick Schumacher perdeu o controle no complexo das curvas 21-22 e atingiu as barreiras Tecpro, resultando em um período de safety car.
A Mercedes tomou a decisão estratégica lógica de chamar Hamilton e Bottas para os pits, enquanto Charles Leclerc, Sergio Perez e Lando Norris, entre outros, também aproveitaram a oportunidade para trocar os pneus.
Já a Red Bull arriscou e manteve Verstappen na pista, herdando a liderança. A decisão foi totalmente recompensada porque a bandeira vermelha foi mostrada assim que o carro de Schumacher foi retirado devido a danos na barreira.
Isso foi crucial porque permitiu que a Red Bull trocasse os pneus de Verstappen, o que fez Hamilton expressar sua frustração em uma série de mensagens de rádio.
Na relargada parada, os 10 primeiros eram Verstappen, Hamilton, Bottas, Esteban Ocon, Daniel Ricciardo, Leclerc, Pierre Gasly, Carlos Sainz e Antonio Giovinazzi.
Quando as cinco luzes vermelhas se apagaram pela segunda vez, Hamilton teve um arranque perfeito e se colocou à frente de Verstappen antes da primeira curva, mas o holandês cortou a curva 2 e retomou a ponta. Forçado a tirar o pé, Hamilton foi ultrapassado por Ocon.
Atrás deles, Bottas travou e também precisou cortar a curva 2, mas mais atrás Leclerc e Perez se tocaram, com o mexicano levando a pior e batendo no muro.
Todos os que vinham atrás tiveram de tomar uma ação evasiva, mas Nikita Mazepin não conseguiu desviar de George Russell quando o piloto da Williams freou e o atingiu.
Houve uma segunda bandeira vermelha durante a qual ocorreram negociações bizarras envolvendo o diretor de prova Michael Masi, Jonathan Wheatley e Ron Meadows, diretores esportivos de Red Bull e Mercedes, respectivamente.
Eles tentavam definir o grid depois do que havia acontecido na primeira curva, com Masi eventualmente decidindo fazer uma “oferta” de colocar Ocon na pole à frente de Hamilton e Verstappen, que foi aceita por ambas as partes.
Após mais 20 minutos de atraso, houve uma segunda relargada quando restavam 35 voltas, com Ocon, Hamilton, Verstappen, Ricciardo, Bottas, Gasly, Leclerc, Giovinazzi, Sainz e Sebastian Vettel.
Tendo colocado os pneus médios, Verstappen arrancou forte, passou Ocon e deixou Hamilton ensanduichado na primeira curva. Ocon e Hamilton tiveram um leve toque e o francês foi forçado a cortar a curva. Ele devolveu a posição rapidamente depois de passar Verstappen.
Hamilton se livrou de Ocon na abertura da volta seguinte antes de Yuki Tsunoda atingir Vettel na 22ª passagem. O japonês perdeu sua asa dianteira, enquanto o alemão danificou sua traseira devido a um contato com o muro. Houve um safety car virtual e Tsunoda tomou cinco segundos de punição.
A bandeira verde foi acionada mais uma vez na volta 25, mas Vettel se envolveu em uma segunda colisão, desta vez com Kimi Raikkonen, danificando ambos os carros e forçando o finlandês a trocar sua asa dianteira.
Outro safety car virtual para limpeza dos detritos em vários pontos da pista antes de uma nova bandeira verde na 33ª volta. A neutralização se repetiu três giros depois porque ainda havia destroços no circuito.
Hamilton atacou Verstappen no começo da volta 37 e os dois evitaram por pouco uma colisão, levando o heptacampeão mundial a exclamar “este cara é totalmente louco!”
Na 38ª volta, Hamilton se aproximou novamente, mas atingiu a traseira de Verstappen, alegando ter sido vítima de um “brake test”. O contato danificou a lateral direita da asa dianteira da Mercedes.
Entende-se que Verstappen foi instruído a devolver a colocação e tirou o pé. O caos continuou, já que o holandês aparentemente deixou Hamilton passar mais uma vez em seguida e deu o troco imediato usando o DRS.
Naquele momento, Verstappen recebeu uma penalização de cinco segundos por empurrar Hamilton para fora da pista na volta 37, seguida pelo anúncio de uma investigação do incidente do “brake test”.
Hamilton seguiu em frente para receber a bandeira quadriculada, terminando 11.8s à frente de Verstappen, que perdeu rendimento devido ao desgaste de seus pneus. Bottas foi o terceiro com uma ultrapassagem sobre Ocon na última volta, dando à Mercedes uma vantagem de 28 pontos sobre a Red Bull.
Ricciardo foi o quinto, seguido por Gasly, Leclerc, Sainz, Giovinazzi e Norris. 15 carros terminaram uma prova que será lembrada por muito tempo.
Foto – FIA