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Numa palavra, prudente

Minha relação com   Presidente Prudente, fundada em 1917, vem desde que me conheço por gente, pois renasci em Alfredo Marcondes, pequena  e próspera comunidade da região, cujo  pólo é ‘Prudente’, como conhecemos  a cidade  cujo nome é homenagem ao presidente Prudente de Morais, assim como  outras na região, têm nome ex presidentes da república,( Venceslau, Epitácio, Bernardes)e figuras do tempo Império como Regente Feijó.

De Presidente Prudente é um dos  primeiros jornais que conheci, O  Imparcial, que  está há 82 anos em circulação e lembro-me da primeira vez que  paguei um exemplar, quando tinha cinco anos de idade, sem nenhuma noção de leitura e pensei: ‘Como é difícil adivinhar tudo isso’,  sem deixar de sonhar que  um dia  também poderia escrever ali. Alfabetizado, sou privilegiado por ter tido a oportunidade de contar com 15 anos de escola formal, chegando ao ensino superior, aprendi  que não é tão difícil lidar com as palavras e com o tempo, ainda na adolescência, até me arriscava na poesia, com o  sofrimento e as incertezas da casa dos pais e vir para  Mandaguaçu, outra cidade que marcou minha história, e a quem devo muito, também, ser o que sou hoje.

Passadas algumas  décadas, já há um bom tempo morando  em Maringá, minha terceira  cidade  de coração, realizo sonho de criança escrevendo um jornal e este, O Jornal do Povo, do qual sou assinante,um  periódico  bem mais jovem que o de Prudente,  e certamente, no que depender da garra do seu diretor e idealizador,  Verdelírio Barbosa, chegará aos 82.

Esta semana tornei-me assinante, também, de O Imparcial, agora que é possível lê-lo online e da primeira edição que recebo, reproduzo um a artigo com o título: Palavra, poesia e sofrimento, assinado por Saulo Marques de Almeida, tomando a liberdade de fazer um complemento: Eis o texto:

‘Tenho uma relação afetiva com as palavras, não vivo sem elas! Sobretudo aquelas que, devagarinho e em doses cotidianas, vêm até mim, como a visita dos pássaros que adornam os quintais e os Quintanas.

 Palavras não para serem pensadas, mas comidas como o alimento diário que sustenta o corpo para a lida da vida. Será por isso que Jesus, em pleno deserto e solidão, tenha dito com objetividade e santa provocação: “Nem só de pão vive o homem”? Quero sempre as palavras comigo e em “meu caminho… Eles passarão. Eu passarinho”!

Tenho uma relação de subserviência com a palavra que constitui a minha travessia e indica-me a esperança gestada no verbo: Palavra que se fez carne e habita comigo. Jesus, o Cristo, pão da vida!

Palavra para além das certezas e convicções que brotam na história e semeiam a gratuidade do amor, que de tão belo e singelo: “sofre, crê, espera e tudo suporta”. Trechos pequenos e sagrados de uma linda poesia que eterniza o mais nobre sentimento, capaz de emudecer Machado de Assis em toda a sua relevância literária, diante da beleza da linguagem amorosa resultante do encontro humanamente divino e divinamente humano.

Será por isso que Barthes questionava tanto ao perguntar: “Nunca lhe ocorreu ler levantando a cabeça”? Quero sempre a Palavra comigo e em “meu caminho… Eles passarão. Eu passarinho”! Tenho uma relação de refúgio nas palavras, principalmente, quando o sofrimento bate à minha porta e humanamente sou tentado a jogar a toalha e abandonar o barco que navega nem um pouco cauteloso no mar da vida.

 O sábado que não aguardava em momento algum. De repente não mais que de repente, aparece com a força da informação/palavra: 500 mil pessoas no Brasil morreram de Covid-19 transformando a existência verde e amarela em enorme luto coletivo.

Recorro às palavras, principalmente, às poesias que em minha carne fazem moradia solicitando de mim a força necessária para prosseguir… “Os bosques são belos, escuros e profundos; mas tenho muitas promessas a cumprir e milhas a percorrer antes de se poder dormir”. Sim, antes de se poder dormir.

As palavras que se apresentam como sustento/fonte bendita no meu cotidiano informam que, no horizonte que escurece, há sempre um alvorecer que aguarda contra toda a desesperança, indicando que é preciso caminhar e que as respostas às agruras da presente vida não respondem, mas fazem prosseguir!

Nas entranhas da minha alma, permanência de meu inconsciente e consciente concreto de que existo em meio às precariedades da vida, as palavras do Mestre que me ordenam a continuar sempre: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo”! Que venham as palavras doces como o mel e o destilar dos favos para que eu suporte os tempos difíceis da vida! Quero sempre a Palavra comigo e em “meu caminho… Eles passarão. Eu passarinho”! ‘

Ao texto do pastor presbiteriano, pedagogo, certamente convicto na interpretação das palavras de Jesus, eu ( Akino), um Espírita,  rendo minha admiração, apenas discordando do trecho em que fala da precariedade da vida, que substituiria por precariedade da existência no corpo físico, pois quem morreu foi o corpo de cada uma das mais de 500 mil vítimas da Covid-19, que continuam vivas no Mundo Espiritual.

         Passaram, como  todos passaremos, alternando um tempo  aqui, outro lá,  ou em outros planetas desse Universo Infinito, criado pela infinita bondade de Deus, que a ninguém desampara, nem mesmo aos psicopatas e  pecadores como Lázaro, não o citado no Evangelho, mas o criminoso de Goiás, que tem sido notícia diariamente,fugindo da polícia, criminoso como  outros de colarinho branco e sociopatas, ali bem perto. Esses nem precisam fugir tanto, pois com o poder de colocar palavras favoráveis nas leis, e indicar os julgadores, ficam impunes perante os homens, mas não ficarão livres, quando o Espírito estiver sem a ‘proteção’ de  corpos físicos.

Sou prudente, procuro ser, sejamos prudentes, sem deixar de arriscar palavra, poesia, porque  o sofrimento é inevitável, por enquanto.

(*)Akino Maringá, colaborador do Blog do Rigon
Foto – Reprodução

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