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Pais, conversem com seus filhos!

Quase todos os dias vejo sinais do quanto os pais estão afastados da vida de seus filhos. Num dos meus últimos almoços num restaurante, recordo que estava com minha filha e com a Rute e, na mesa mais próxima, tinha uma mulher com a filha. A garota era adolescente. Talvez uns 16, 17 anos. Todo o tempo que estiveram ali, ao lado, não trocaram uma única palavra. E durante boa parte do almoço, essa mãe mexia no celular. Dava para notar que escrevia, mas também que apenas espiava e curtia mensagens, fotos… Elas pareciam duas pessoas estranhas. Não havia intimidade entre mãe e filha.

Bom, eu não as conheço. Não sei quem são. Talvez tenha sido apenas um dia difícil para aquela mãe. Talvez estavam chateadas uma com a outra. Coisas que acontecem, né? E a gente nunca sabe o que vai no coração. Ainda assim, certamente você já deve ter presenciado cena semelhante – inclusive de famílias inteiras que se sentam juntas, mas sequer interagem. A ausência de diálogo entre pessoas de uma mesma família é algo assustador. Muitos pais desconhecem seus filhos. E desconhecem por certa negligência. Falta disposição principalmente para dialogar.

Sabe, não é fácil conversar com os filhos. Às vezes, o embate é desgastante. Em diferentes ocasiões, para tratar de temas difíceis com minha filha, ficávamos até duas horas da manhã num embate de ideias. E digo embate porque há momentos de tensão, de discordância e de ânimos mais exaltados. Admito que nessas horas parece mais fácil gritar, dizer que “quem manda sou eu”, fechar a porta e sair de cena. Mas o que ganhamos com isso? Nada.

Apesar de discordarmos muitas vezes, aprendi com o tempo a conversar com meus filhos sobre tudo. É preciso haver muita disposição e, principalmente, a compreensão de que os pais devem “descer” até os filhos. Eles não vivenciaram o que já vivenciamos ao longo de uma vida. Por isso, é preciso “descer” até eles para que haja um verdadeiro encontro de corações.

É fato que alguns diálogos podem ser desafiadores. Algumas vezes ficaremos irritados. Outras vezes, vamos machucar e ser machucados, ofendidos – inclusive porque não gostamos de ouvir as verdades que os filhos dizem sobre nós. Porém, essa é uma relação normal. Necessária! O que não podemos é abrir mão de dialogar.

Eu sei que muitas vezes estamos cansados, sobrecarregados por problemas e que tudo que queremos é dar um tempo, ficar em silêncio ou nos distrairmos. Mas, com nossos filhos, não dá pra deixar pra depois. Deixar pra depois significa perder oportunidades, abrir mão de uma relação plena, verdadeira com nossos filhos. Eles sempre serão nossa prioridade.

Educar dá trabalho? Claro que sim. É a tarefa mais difícil da vida da gente. Mais que qualquer carreira, mais que qualquer estudo, mais que qualquer empreendimento. Entretanto, a mais importante.

Se você ignora as ansiedades de seu filho, estará abrindo mão de ajudá-lo a ser uma pessoa feliz. E posso assegurar: nenhuma realização profissional, acadêmica, compensa as lágrimas de filhos que se sentem perdidos na vida.


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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