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Professor que não estuda não é professor

A escola é um espaço fundamental para o desenvolvimento humano. Tudo o que acontece na escola – seja nas séries iniciais ou mesmo na faculdade, pós graduação, mestrado e doutorado – afeta a vida das pessoas de maneira profunda. E, por isso, a educação precisa ser tratada com muita seriedade.

Uma das coisas determinantes na educação é a formação do professor. E embora isso comece pelas instituições frequentadas e a qualidade do ensino recebido pelos futuros professores, tem muito mais a ver com a atitude de quem se dispõe a ser professor ao longo de toda a sua carreira.

Costumo brincar: quer ser professor? Precisa estudar todos os dias!

Antes de ser professor, o professor é um eterno aluno. Quem escolhe a profissão, mas não estuda todos os dias, raramente lê um livro, não é professor. Engana o aluno e está enganando a si mesmo. Quem entra numa sala de sala sem esse investimento rotineiro na própria formação, é incapaz de oferecer algo vibrante para seus alunos.

Costumo ouvir, com mais frequência do que gostaria, que os alunos andam muito desinteressados. Isso é verdade. Mas também é verdade que muitos professores são incapazes de surpreender seus alunos com o conhecimento.

O conhecimento encanta. Mas… estou falando de conhecimento. Num período em que, num clique, o aluno tem acesso a inúmeras aulas no Youtube e noutras plataformas, o educador deve ter algo relevante a oferecer.

Quando o professor tem muito para ensinar, o aluno para para ouvir. Percebo isto na minha própria rotina. Depois de 16 anos dando aulas, noto que o investimento que fiz no mestrado e no doutorado – cursados após minha estreia na docência -,  mas, principalmente, em função do meu encantamento pelos livros, resulta em aulas mais empolgantes e, o que é melhor, num engajamento muito maior dos alunos.

Observo a mesma coisa com colegas com outros colegas. Os alunos comentam daqueles que “sabem muito”. Por outro lado, sei que, infelizmente, existem professores – das séries iniciais ao ensino superior – que se alimentam apenas do senso comum e amparam seus argumentos em conteúdos antigos na formação universitária e em livros didáticos com aulas pré-prontas. Raramente atualizam suas aulas. E ainda mais raramente investem em aprender coisas novas por si mesmos.

Conheço professores que investem tempo em tudo, mas raramente pegam um livro para aprender coisas novas.

Sei que a vida de todo mundo é corrida demais e tirar meia hora para a leitura, por exemplo, não é tão simples. Entretanto, também sei que, com disciplina e melhor organização das rotinas, é possível estudar um pouquinho todos os dias. E, para quem faz semanas que não estuda nada novo, 15 minutos diários já fazem uma diferença enorme.

Gente, para o professor e para qualquer profissional, não existe conhecimento perdido. Tudo o que você aprende, seja da sua área ou não, ajuda a ver melhor o mundo, amplia os argumentos e cria possibilidades inclusive de dialogar com diferentes gerações e classes sociais. E isso tem efeito na qualidade do trabalho e nas conexões que o profissional pode fazer.

Portanto, se você é professor ou não, estude sempre! Vai te tornar um profissional melhor e uma pessoa muito mais interessante – daquelas que a gente gosta de ouvir.


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação

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