Luciana Gimenez resolveu se manifestar publicamente após ter sido ofendida pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) que, em entrevista ao canal Na Lata, do YouTube, chamou a apresentadora de garota de programa.
“Sobre a Luciana Gimenez, eu não tenho nada a falar. Não falo sobre mulher de programa. Dane-se. Ela já me processou, pode processar de novo. É uma mulher desqualificada, tanto que virou o que virou por 30 segundos com o Mick Jagger. Ou você acha que foi por amor?”, afirmou o senador Kajuru.
“E ela sabe que eu sei da história toda. Ela foi contratada para ficar com o Mick Jagger. Eu falei isso mesmo porque para mim ela não tinha respeito com os colegas. Eu trabalhei com ela na RedeTV!. Ela chegava como se fosse dona. Depois acabou se casando com um dos sócios da RedeTV!, para você ver que a vida dela sempre foi de interesse”, concluiu ele.
Sem mencionar o nome do senador, mas em resposta à ofensa recebida, Luciana escreveu uma carta, cujo conteúdo fala sobre machismo e como as mulheres devem combater diante uma ofensa.
Leia o documento na íntegra
Todos os dias mulheres são atacadas fisicamente e psicologicamente por homens machistas e misóginos. E a forma que esse tipo de pessoa sorrateira usa para atingir e calar uma mulher é através de sua honra, sua estabilidade psíquica ou sua integridade física.
Muitas vezes eles conseguem entrar em nossas mentes e nos quebrar em vários pedaços. E mais uma vez vamos lá e recolhemos nossos caquinhos, porque somos resilientes, mas isso precisa acabar. Precisamos mostrar a esses covardes que assim como somos fortes para nos levantarmos, somos fortes para derrubá-los. Acredito que toda generalização é burra, ou seja, nem todo homem é ruim, mas os que são psicopatas devem ser expostos e punidos.
Uma mãe é capaz de qualquer coisa para proteger suas crias, inclusive se calar por anos, mesmo sendo atacada constantemente. Lambemos nossas feridas e aguentamos firme, mas quando resolvemos reagir, podem ter certeza, somos capazes de ir até as últimas consequências para proteger o que é mais sagrado para nós.
O erro do homem abusador psicológico é achar que sua vitima nunca irá se livrar do cativeiro. Pois bem, ela é capaz, porque sabe gritar. Ela não irá hesitar em gritar e pedir ajuda a outras que entendem pelo que ela passa, mas é importante estarmos atentas e vigilantes para ajudarmos.
Assim como eu fiz durante essa pandemia, recomendo a cada uma que se informe e leia mais sobre o assunto, que aprendam, que vejam que é algo necessário.
Mulheres, está em nossas mãos parar os abusadores, seja aquele que faz a piadinha que constrange, mesmo que na cabeça dele seja um elogio, até os que nos violam física e psicologicamente.
Temos que parar de normalizar e aceitar quando homens nos chamam de loucas, e quando se acham no direito de inventar histórias para nos diminuírem mexendo com nossa honra. Está na hora de transformar nossa dor em força, nossas lágrimas de tristeza em de felicidade. Está na hora pararmos de pedir respeito e sermos respeitadas pelo simples fato que é um direito nosso, não um pedido.
Da executiva a faxineira, dá religiosa a garota de programa, todas merecem respeito, todas, sem restrições. E se algum homem disser o contrário, vamos mostrar que isso não é aceitável. Porque algo realmente está errado numa sociedade onde o homem pode andar sem camisa e é elogiado, enquanto a mulher, se fizer o mesmo, é punida pela definição de ato obsceno do código penal.
Peço a cada uma que está lendo isso que, mesmo não sendo fácil, exponha homens machistas, misóginos e abusadores, porque eles só têm coragem de serem assim quando não são vistos, quando se sentem protegidos, alguns até por foro privilegiado. Aos colegas da imprensa e da comunicação, peço que evidenciem cada vez mais esses homens e suas atitudes, porque noticiar suas falas sem deixar claro o crime que eles estão cometendo é compactuar com seus atos. E calar uma mulher é dar força ao seu algoz.
A cada 7 horas, uma mulher morre vitima de feminicídio. A cada 1 hora, 500 mulheres são espancadas. A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. E tudo isso começa com um xingamento, um grito ou simplesmente porque o homem se acha no direto de fazer.
Luciana Gimenez
Foto – Reprodução