O sistema pode até estar descalibrado, mas, nem por isso, os árbitros permitirão uma verdadeira “esculhambação” do VAR. Profissionais que trabalham no comando das partidas do Campeonato Brasileiro prometem se defender das críticas sofridas, sobretudo, pelo árbitro de vídeo nas rodadas decisivas da competição.
Só no último fim de semana, os jogos entre Vasco e Internacional e Flamengo e Corinthians foram alvos de ataques de dirigentes dos clubes derrotados nos confrontos. No caso vascaíno, a empresa responsável pelo serviço, a Hawk-Eye, admitiu que as sombras no campo e a posição das câmeras interferiram na impossibilidade de análise. Já na questão corintiana, mesmo com a demora de 3min20, a decisão da arbitragem foi acertada.
O recém-eleito presidente corintiano, Duilio Monteiro Alves, usou as redes sociais para informar a torcida que pedirá os áudios e imagens da cabine que trabalhava no Maracanã. Segundo ele, é preciso verificar a linha de impedimento traçada no segundo gol do Flamengo, quando Everton Ribeiro toca no meio da área para Gabigol decretar a vitória.
“Entremos em semana decisiva na briga da tabela, contra Santos e Vasco, e já vemos enorme pressão sobre os árbitros. Tudo o que queremos é a explicação dos critérios utilizados nessas decisões e um pedido por mais seriedade na própria escolha dos juízes”, escreveu Duilio. “Só não fui pessoalmente à CBF porque a entidade está em recesso, mas já enviei o ofício. Estarei lá ainda nesta semana. Deixo claro: o Corinthians jamais aceitou e nunca vai aceitar passivamente esses erros.”
Para gente da arbitragem, o uso da palavra “seriedade” por parte do dirigente corintiano foi o que mais incomodou. Mais do que isso, o árbitro Wagner Reway, responsável pelo VAR no Maracanã, revelou aos colegas mais próximos estar ofendido com as acusações que vem sofrendo nas redes sociais. Por determinação da Comissão de Arbitragem, os juízes não dão entrevistas à imprensa.
Reway, árbitro que carrega o distintivo da Fifa no uniforme e, desde o ano passado, se especializou no uso da tecnologia, não quer ver sua carreira em risco por conta de comentários de dirigentes ou de torcedores em redes sociais. Segundo ele a interlocutores, uma potencial ida a uma Copa do Mundo, por exemplo, seria atrapalhada por declarações do tipo das que tem ouvido com relação ao VAR.
Mesmo que a convocação para uma Copa do Mundo não seja pautada por dirigentes, e sim pelas federações, Reway e demais árbitros pensam em processar dirigentes e até comentaristas esportivos que questionem a lisura do trabalho. Já há todo um material de vídeos e fotos dos acertos das equipes de arbitragem em lances capitais dos jogos, uma espécie de dossiê contra acusações mais exaltadas que afetem a credibilidade do trabalho.
Na noite da última terça-feira (16), o Vasco entrou no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com um pedido de anulação da partida contra o Inter. O clube ainda questiona a impossibilidade de análise pela tecnologia do gol de Rodrigo Dourado. Para o clube, houve um “erro de direito” no Protocolo do VAR.
Apesar da falha no equipamento na partida em São Januário, os árbitros reiteraram a confiança na tecnologia. No Maracanã, o posicionamento das câmeras da transmissão pareceu não ser preciso, mas coube aos operadores do equipamento o mérito de encontrar um melhor ângulo para se certificar do segundo gol – internautas sugeriram que a imagem teria sido editada.
O Internacional, com 69 pontos, é o líder do Brasileirão, com um ponto a mais que o segundo colocado Flamengo. O Corinthians é o 10º, com 49 pontos; enquanto o Vasco é 17º, com 37 pontos, ameaçado pelo rebaixamento.
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